Índice geral Mercado
Mercado
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Renda fixa eleva retorno com risco de título privado

Novos fundos de investimento oferecem ganho até 5,3% superior

Gestores buscam papéis de bancos e empresas para elevar rendimento em meio a cenário de queda nos juros

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Em busca de maior rendimento, alguns fundos de renda fixa -que sempre foram um sinônimo de fundos DI- passaram a aplicar em títulos privados de maior risco.

Resultado: estão registrando ganhos médios até 5,3% superiores em relação aos fundos convencionais, que continuam atrelados aos juros do governo e aos títulos públicos (menos arriscados).

Uma parcela de 10% de títulos privados nos fundos é capaz de elevar consideravelmente o ganho dos cotistas sem assumir um risco incompatível com o perfil conservador do público da renda fixa.

O problema é que muitos investidores não sabem que correm algum risco com essa "renda fixa turbinada".

"Não sei se eles estão sabendo dos riscos. Adoraria que vocês [a imprensa] dissessem: prestem atenção ao fundo que rendeu bem para saber de onde vem o ganho", afirma Silvio Luis Samuel, coordenador de índices da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

"Ele [o ganho] veio de uma situação atípica? De uma habilidade do gestor? De uma situação de mercado que pode se inverter no futuro? Busque mais informação."

Para diferenciar, a Anbima passou a classificar esses fundos em três: renda fixa (tradicional, maioria de título público e só papel privado de baixíssimo risco), renda fixa crédito livre (aberto para títulos de risco maior) e renda fixa índices (que têm referência em taxas como o IPCA).

TURBINADOS

Investir em título privado tem sido uma das poucas alternativas dos gestores de renda fixa para turbinar as carteiras e elevar o ganho dos cotistas em meio às sucessivas reduções nos juros do governo, que devem descer a 9,5% até o fim do ano -a taxa Selic, piso dos juros brasileiros, está hoje em 10,5%.

"Vamos a fundo na análise para selecionar os títulos. Pesquisamos as empresas e investimos naquelas que conhecemos bem", disse Alexandre Fernandes, diretor de renda fixa da Rio Bravo.

Os fundos turbinados costumam investir em CDBs de bancos de pequeno porte, debêntures (dívida de longo prazo) de empresas e papéis de financiamento imobiliário.

Na sexta, enquanto a LTN (Letra do Tesouro Nacional) com vencimento em janeiro de 2015 tinha taxa de 10,33% ao ano no Tesouro Direto, o CDB prefixado de três anos do banco Sofisa era vendido na internet com juros de 11,45% -10,84% a mais.

O prêmio "adicional" está ligado ao risco de calote, aferido por agências de "rating" (por meio de nota), e à dificuldade de revender o papel antes de seu vencimento -baixa liquidez.

As debêntures do BNDESPar são consideradas os títulos privados de menor risco no Brasil (o risco de calote é o mesmo do governo), mas, como não têm liquidez, costumam ser vendidas com "adicional" de 0,5 ponto.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.