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Ao voltar, brasileiro quer ser empresário

DE NOVA YORK

Na região de Governador Valadares (MG), conhecida no passado pelo envio de mão de obra brasileira aos EUA, os emigrantes que voltaram têm procurado informações para abrir pequenos negócios, diz o Sebrae.

Segundo a instituição, 40% dos atendimentos na cidade são feitos a interessados em empreender usando dinheiro acumulado no exterior. Em 2009, o percentual oscilava entre 10% e 15%.

Somando todos os que procuram informações no Sebrae da região, os atendimentos chegam a 300 ao mês.

"A gente percebe que a pessoa às vezes volta com uma poupança disponível, mas sem qualificação para fazer um plano de negócios", afirma Alex Amaro Pena, do Sebrae responsável pela microrregião.

Também em outras cidades a entidade mantém o projeto Remessas, destinado a orientar ex-emigrantes.

Desde 2009, 1.663 pessoas participaram do programa e 63 empresas receberam consultorias em Minas.

Em Palhoça, Santa Catarina, Júlio Canto, 39, hoje é sócio de uma companhia de alimentação. Ele saiu do Brasil em 1994 e voltou com a família em 2011. Tinha feito curso superior em administração e marketing em uma universidade americana e abriu uma agência imobiliária.

Com a crise das hipotecas americanas, viu o negócio desmoronar. "Estava no meio do fogo."

Ele diz que o negócio está indo bem no Sul do país, mas reclama da dificuldade em encontrar mão de obra em algumas áreas e da falta de infraestrutura (por exemplo, internet de alta velocidade).

O designer Ricardo Borges, 35, lembra que o empreendedorismo não é opção para todos os que retornam, já que muita gente ficou desempregada e gastou a poupança.

"Desde que voltei, em setembro, encontrei umas oito pessoas que moraram na mesma cidade que eu nos EUA e que agora estão em Governador Valadares. Dessas, uma virou empresário."

Ele diz que, nos sete anos fora do país, conseguiu juntar 50% do planejado.

Entre os brasileiros que voltam, também há reclamações sobre a dificuldade em se readaptar. Há quem tenha saído nos anos 1990, quando o Brasil convivia com hiperinflação, ou no início dos anos 2000, antes da retomada do crescimento.

CUSTO DE VIDA

Voltar e encontrar um país com inflação e desemprego controlados, mas custo de vida nas alturas, assusta os "novatos".

"Tudo é muito caro", diz Eulália Rodrigues, 50, que ficou quatro anos nos EUA, onde trabalhou como tradutora e professora de português.

Moradora da zona leste de SP, diz que as contas dispararam. "Quando saí [em 2005], pagava R$ 40 de telefone e "falava com Deus e o mundo. Agora, pago R$ 54 e tenho restrições [da operadora]."

Ela diz que, quando deixou o país, o aluguel da casa estava em R$ 350. "Hoje, você não aluga um cômodo e cozinha por esse preço."

(VF)

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