Chinês quer competir com Google no Brasil

O Baidu, principal site de buscas chinês, está abrindo um escritório em São Paulo. O objetivo inicial é conhecer o mercado brasileiro e latino-americano para desenhar uma estratégia para a região.

"A ideia é disputar diretamente com o Google", disse à Folha o alagoano Wesley Barbosa, 25, recém-contratado para o cargo de gerente de negócios para a América Latina. Atualmente em Pequim, ele deve se mudar a São Paulo daqui a três meses.

Barbosa diz que o escritório, situado na região da avenida Paulista, deve chegar a 20 funcionários nos próximos seis meses. "Mas pode chegar a muito mais, dependendo da resposta do mercado."

Ainda não há previsão para o lançamento do site de busca em português, diz o executivo. Antes, o Baidu deve lançar alguns subprodutos, como uma enciclopédia parecida com a do Wikipedia, existente em mandarim.

"O Baidu tem a filosofia de fornecer a resposta das perguntas. Os serviços paralelos são construídos para responder à busca", diz Barbosa.

A internacionalização é um desejo crescente do Baidu, que detém cerca de 80% do tráfego de sites de busca na China, beneficiado pelos problemas enfrentados pelo Google com o governo do país em volta da censura.

Em janeiro, a empresa, com sede em Pequim, anunciou a construção de um prédio em Shenzhen (sul, ao lado de Hong Kong), de onde coordenará as operações para o exterior. A inauguração está marcada para daqui a três anos, em 2015.

"A internet via celular e a internacionalização são diretrizes importantes de expansão para o Baidu", disse, em nota divulgada na época, Robin Li, 43, fundador e presidente da empresa. Li é o segundo homem mais rico da China, com um patrimônio estimado em US$ 9,2 bilhões, segundo a revista "Forbes".

Listado na Bolsa eletrônica Nasdaq, o Baidu tem um valor de mercado de cerca de US$ 45 bilhões. O seu mais recente balanço, divulgado em setembro do ano passado, revelou faturamento de US$ 655 milhões, 85% maior do que o mesmo período de 2010.

Os números revelam a força do mercado de internet chinês, que acaba de ultrapassar os 500 milhões de internautas, a maior população conectada do mundo.