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Caso PanAmericano racha antiga cúpula

Ex-diretores querem se desvincular dos comandantes da fraude contábil no banco do empresário Silvio Santos

Executivos entram com processos trabalhistas alegando que foram obrigados a abrir empresas "de fachada"

FLÁVIO FERREIRA
JULIO WIZIACK
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

O fim das investigações do escândalo do PanAmericano gerou um racha na antiga cúpula do banco, indiciada pela Polícia Federal por crimes financeiros.

A Folha apurou que todos os ex-diretores devem entrar com processos na Justiça, exigindo o pagamento de indenização trabalhista, alegando que cumpriam ordens dos comandantes do esquema de fraudes contábeis que levou a um rombo de R$ 4,3 bilhões.

A estratégia dos advogados é demonstrar à Justiça que os ex-diretores não foram cúmplices dos executivos Rafael Palladino (ex-presidente do banco), Wilson de Aro (ex-diretor financeiro) e Luiz Sandoval (ex-presidente do Grupo Silvio Santos), apontados como arquitetos da fraude, de quem recebiam ordens.

Já moveram ações Carlos Roberto Vilani (ex-diretor comercial), Adalberto Savioli (ex-diretor administrativo e de crédito) e Antônio Carlos Quintas Carletto (ex-diretor da PanAmericano Administradora de Cartões).

Os executivos do banco e alguns de outras empresas do Grupo Silvio Santos foram acusados pela Polícia Federal de manter "empresas de fachada" para receber bônus e outras remunerações.

O esquema permitia que os executivos pagassem menos Imposto de Renda (15%, em vez de 27,5%). O banco se eximia dos encargos.

Segundo a PF, essas empresas serviram para fazer doações disfarçadas a campanhas do PT e do PSDB.

Entre 2008 e 2010, Vilani recebeu R$ 5,5 milhões por meio da Cavi Serviços e Promoções. Savioli levou R$ 5,7 milhões pela Report Serviços.

Carletto recebeu R$ 1 milhão pela Cluster Arquitetura e Comunicação, que tinha contratos com outras empresas do grupo. A PF concluiu que os contratos de prestação de serviços dessas empresas não eram cumpridos e serviam para dissimular retiradas de valores do banco sem justificativa adequada.

Em depoimento, somente Eduardo de Ávila Pinto Coelho (ex-diretor de tecnologia) confirmou que usava uma empresa para receber remunerações do banco e que essa empresa nunca prestou serviços ao Panamericano. Ele afirmou que o uso da empresa era imposição da cúpula do Grupo Silvio Santos para o pagamento de bônus.

Os demais diretores declararam às autoridades policiais que suas empresas não eram "de fachada" e foram abertas para que pudessem receber seus rendimentos pelos serviços prestados.

Com a conclusão do inquérito, esses executivos deverão ser denunciados pelo Ministério Público Federal à Justiça. Antes que isso aconteça, os advogados de defesa pretendem entrar com as ações.

O banco terminou 2011 com lucro de R$ 67 milhões, resultado que não pode ser comparado com o de 2010 porque o banco desistiu de fazer um balanço anual por conta do escândalo contábil.

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