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Lucro da Vale recua 17% no 4º trimestre

Queda no preço do minério após pressão da China afeta resultado; ganho de R$ 37,8 bi no ano supera o da Petrobras

Mineradora tem de mudar forma de reajuste e perde receita; lucro avança 17% em 2011 e bate recorde

DENISE LUNA
DO RIO

O primeiro lucro anual do presidente Murilo Ferreira à frente da Vale foi recorde, apesar de um quarto trimestre mais fraco.

Afetados pela queda do preço do minério de ferro a partir de outubro, os ganhos da empresa ficaram abaixo do que analistas esperavam em meados do ano passado, mas refletem a desaceleração econômica por que passou o principal cliente da mineradora, a China.

O lucro no quarto trimestre foi de R$ 8,3 bilhões, 17% menor do que um ano antes e abaixo dos resultados trimestrais que a empresa vinha registrando, em torno dos R$ 10 bilhões.

No acumulado do ano, o lucro subiu 17,3% e atingiu recorde de R$ 37,8 bilhões.

O resultado foi superior ao da Petrobras, que, afetada pelo câmbio e pela maior importação de combustíveis, registrou queda de 5% no lucro, que ficou em R$ 33,3 bilhões.

A receita anual da Vale também foi recorde, de R$ 105,5 bilhões, alta de 12,3%.

As exportações somaram US$ 38,4 bilhões no ano passado, 32,4% a mais do que em 2010. O volume de vendas de minério de ferro e pelotas, principais produtos da Vale, foi recorde de 303,697 milhões de toneladas, alta de 2,2% ante ano anterior.

"Nosso desempenho financeiro foi extraordinário, o melhor de todos os tempos. Batemos vários recordes, a despeito de ambiente econômico desafiador", disse Ferreira no balanço.

A Vale teve que mudar seu mecanismo de ajuste de preços do minério de ferro no quarto trimestre por pressão dos seus clientes chineses.

Com produção menor devido à crise econômica global, as siderúrgicas chinesas forçaram a empresa a praticar preços mais próximos ao mercado à vista, que entrou em tendência de queda após ter atingido o pico de US$ 180 a tonelada em setembro.

No quarto trimestre, o preço médio realizado do minério ficou em US$ 121,38 a tonelada, praticamente o mesmo que no quarto trimestre do ano anterior. Na média do ano, o preço do minério ficou em US$ 136,07 por tonelada.

EXPECTATIVA

"Foi um bom ano para a Vale, mas 2012 começa complicado pelas chuvas de janeiro em Minas Gerais e também porque o preço deste ano vai ser em média menor do que no ano passado", afirmou o analista Pedro Galdi, da SLW Corretora.

A expectativa negativa com o balanço do quarto trimestre e a redução pelo Credit Suisse da recomendação para o papel, de performance acima do mercado para neutra, fizeram as ações preferenciais (sem direito a voto) da Vale fechar ontem em queda de 1,86%, a R$ 42,08.

Segundo a equipe de pesquisa da Planner Corretora, o desempenho da China será o foco dos investidores neste ano, além dos problemas que a Vale enfrenta na Justiça.

"Talvez a Vale tenha que começar a pagar em 2012 parte do que vem sendo questionada sobre royalties (R$ 4,5 bilhões) e de IR (entre R$9 e R$ 10 bilhões), provavelmente parcelado", estimou a Planner.

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