Após quedas, ações da Petrobras patinam

As ações da Petrobras passaram o dia de ontem perto da estabilidade, entre pequenas altas e quedas, com o mercado digerindo o fraco resultado do quarto trimestre, um enigma para analistas.

Com alta de 0,63% do Ibovespa, as ações preferenciais da companhia estatal fecharam em baixa de 0,56% e as ordinárias, de 0,88%.

Na véspera, houve queda de 5% e, na sexta-feira passada, após a divulgação do balanço, as ações recuaram 8%. Em 2011, a perda acumulada foi de quase 20%.

Gustavo Gattass, analista do BTG Pactual, é um dos que preferem esperar mais explicações da empresa antes de rever suas previsões de preço justo para o papel.

"Estamos numa situação de tentar entender. Se verificarmos custos recorrentes muito mais altos do que imaginávamos, isso vai levar a uma redução de nossa projeção de lucro", afirma.

O banco foi o primeiro a notar um erro no balanço da empresa, que, por isso, teve que reapresentar o resultado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), anteontem.

"Foi um erro de digitação. O que estava na linha 1 de uma nota sobre a natureza das despesas, no caso o custo da matéria-prima, jogaram para linha 2, que era de serviços. Mas não muda em nada o lucro", afirmou o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, à Folha.

MENOS LUCRO

A Petrobras teve lucro de R$ 33,3 bilhões em 2011, 5% abaixo de 2010. No quarto trimestre, a queda foi de 52%, para R$ 5 bilhões, afetado por maiores importações de derivados para atender o mercado interno, o que deverá ser intensificado em 2012.

O analista Erick Scott, da SLW Corretora, não está muito otimista no curto prazo. Segundo ele, o uso da estatal pelo governo como um instrumento de controle da inflação, ao impedir ajustes nos preços da gasolina e do diesel, contribui para resultados financeiros fracos.

Mesmo assim, Scott também prefere esperar para mexer no preço da ação ou alterar a recomendação de compra do papel. "No curto prazo, o papel ainda vai pesar [cair]", diz.

ASSEMBLEIAS

A Petrobras marcou para 28 deste mês assembleia extraordinária para aprovação da nova diretoria de assuntos corporativos, que será ocupada por José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT e da Petrobras, hoje consultor da nova presidente, Graça Foster.

Em 19 de março, uma assembleia ordinária vai aprovar o resultado financeiro de 2011, o orçamento relativo a 2012 e a eleição dos membros e suplentes dos Conselhos de Administração e Fiscal da companhia. O atual presidente do Conselho de Administração, Guido Mantega, deverá ser reconduzido ao cargo.