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ENTREVISTA CARREIRA

Funcionário precisa gerenciar relação com chefe, diz consultor

Livro mostra como criar diálogo efetivo com gestores

MARIA PAULA AUTRAN
DE SÃO PAULO

Não ter supervisão, orientação, retorno sobre suas atividades no trabalho e uma recompensa adequada. Se esse cenário parece familiar, você pode estar vivendo uma situação de "subgerenciamento", segundo o consultor empresarial Bruce Tulgan, autor de "Não Tenha Medo de Gerenciar Seu Chefe" e de "Não Tenha Medo de Ser Chefe" (Sextante).
Como sobreviver nessa situação? Para Tulgan, a solução é saber gerenciar o próprio chefe. À Folha ele falou sobre o que os funcionários devem fazer para conseguir sucesso em ambientes assim. Confira os principais trechos da entrevista.

Folha - Qual o maior problema do gerenciamento hoje?
Bruce Tulgan - É o que eu chamo de "subgerenciamento": os líderes não supervisionam, não dão orientações, não dão treinamento a seus empregados. Essa situação traz resultados negativos para a empresa e frustrações tanto para o chefe como para o empregado.

Isso tem aumentado?
Sim. Os gerentes hoje têm múltiplas direções. Sempre foi difícil gerenciar, mas tem sido bem mais hoje. Uma razão é macroeconômica. Presumia-se que o que era sucesso no trabalho no passado era obter uma relação longa e estável.
O empregado fazia suas tarefas, trabalhava duro e, com o tempo, era recompensado, conseguindo mais e mais reconhecimento e segurança.
O problema é que não há mais segurança no trabalho, não há mais certeza nas recompensas de longo prazo.
Então, de repente, as relações de trabalho ficaram mais de curto prazo e transacionais. Então, com essa lógica, as pessoas não estão mais dispostas a sofrer, cometer erros desnecessários e aprender com eles.

Por que isso acontece?
A maioria dos gerentes sente não ter tempo suficiente no dia para balancear suas próprias responsabilidades com a atribuição de gerenciar e, às vezes, acabam sacrificando suas funções de gerenciamento.
O que também torna a coisa difícil para eles é que muitos movem para a posição de responsabilidade porque são bons no que fazem, mas talvez eles não sejam tão bons em gerenciar.
Sinto que nós também não ensinamos suficientemente aos gerentes como gerenciar nem às pessoas como seguir os chefes.
Outra coisa é que às vezes eles tentam gerenciar e percebem que isso causa conflitos. Muitos, simplesmente, não querem esse conflito, querem ser amigos de todos. Meu conselho aos empregados é: "A vida é sua, a carreira é sua, você precisa ter certeza de que está conseguindo o que precisa".

Como evitar essa situação?
Você precisa descobrir primeiro a quem responde, quem é o seu chefe naquele momento. Depois, precisa de quatro coisas. Uma é expectativa clara para seu desempenho: o que e como eu devo fazer, quais são minhas responsabilidades, meus objetivos.
A segunda é um "feedback" contínuo sobre como você está indo em relação às expectativas. A terceira é um diálogo permanente sobre recursos para realizar aquela tarefa. E, quarto, de alguém que lhe dê credito e recompensa pela sua performance.
Você tem de assumir responsabilidade sobre como conduz a si mesmo nessa relação, desenvolver regras básicas de como vai criar um diálogo com essa pessoa.

Como fazer isso sem ter problemas?
Você quer mostrar a qualquer chefe com quem você trabalhe -durante qualquer período de tempo- que falar com você é um bom uso do tempo dele, porque você faz perguntas boas.
Mas é preciso ser bom. Você não chega ao seu chefe e só pergunta. Você fala: "Esse é um trabalho que estou fazendo, fiz uma lista de procedimentos para como eu devo fazê-lo". Você pode dizer: "Criei meu próprio sistema, sempre que fizer esse trabalho, vou checar esses itens".
Você precisa de expectativas claras porque não vai querer trabalhar três semanas em um projeto e, no final, descobrir que deveria ter feito de outro jeito. Então, precisa chegar no chefe antes e dizer: "Eu acho que deveria fazer dessa forma, o que você acha?".

NÃO TENHA MEDO DE GERENCIAR SEU CHEFE
AUTOR Bruce Tulgan
EDITORA Sextante
QUANTO R$ 19,90 (176 págs.)
TRADUÇÃO Cláudio Figueiredo

"Você tem que assumir responsabilidade sobre como conduz a si mesmo nessa relação, desenvolver regras básicas para como vai se comunicar, como vai criar um diálogo com essa pessoa"

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