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Empresa aérea 'força' compra antecipada

Tarifas mais baratas estão disponíveis até 60 dias antes do voo; há pouco mais de um ano, prazo era até 45 dias

Para garantir maiores taxas de ocupação nos voos, empresas contam com mais de 15 classes de tarifas diferentes

Lalo de Almeida - 2.fev.2012/Folhapress
Pátio de aeronaves do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos
Pátio de aeronaves do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Para estimular a compra de passagens em dias e horários de menor demanda, as companhias aéreas têm aumentado o prazo de antecedência de compra para as tarifas mais baratas.

Quem quiser pagar menos tem de comprar com até dois meses de antecedência.

Havia pouco mais de um ano, a tarifa mais barata programada ficava disponível até 45 dias antes do voo. Promoções eventuais, contudo, fogem dessa regra.

De acordo com o diretor de rentabilidade e alianças da Gol, Marcelo Bento, a tarifa mais barata fica bloqueada faltando 60 dias para o voo. Depois disso, entra um novo piso, 15% mais caro, que fica disponível até 28 dias antes.

A partir daí, a cada sete dias o preço da tarifa mais barata sobe mais 15%. "Essa regra vale para todo o setor", afirma Bento. "Monitoramos os preços da concorrência diariamente."

Nada garante, contudo, que o consumidor vá encontrar a tarifa mais barata possível para determinado voo comprando até 60 dias antes.

Isso porque as empresas oferecem um número limitado de assentos por classe de tarifa. Exatamente quantos é o segredo mais bem guardado da indústria. "É uma informação estratégica que não divulgamos", diz Bento.

A precificação de bilhetes é uma ciência complexa. Cada rota conta com pelo menos 15 classes de tarifas diferentes. Cada classe funciona como um produto, com atributos diferentes (isenção ou cobrança de taxa de remarcação, por exemplo).

Somados os voos de conexão, a combinação de classes tarifárias pode passar de 300. E o preço atribuído para cada classe de tarifa ainda varia conforme dia, hora ou época do ano.

Se cobrasse um único preço, dividindo, numa conta simples, o custo da operação pelo número de assentos, a empresa venderia bem menos passagens e voaria com o avião vazio em horários de baixa demanda.

Como há clientes dispostos a pagar mais e outros sensíveis a preço, a empresa segmenta as tarifas. Com isso, amplia a base de consumidores e aumenta a receita.

A lógica, comum em setores que trabalham com custos fixos altos, é semelhante à de um salão de beleza. Fazer as unhas às quartas-feiras, dia em que o salão fica às moscas, costuma custar menos. O objetivo é melhorar a ocupação ao longo do tempo.

Mas a lei da oferta e da procura tem seus limites na aviação. Para não detonar guerras de preços, as empresas preferem voar com assentos vazios a oferecer descontos agressivos de última hora.

"Quem faz muita promoção em cima da hora perde a capacidade de planejar e fica refém do consumidor e da concorrência", diz Alessandro Oliveira, diretor do Nectar (Núcleo de Economia dos Transportes do ITA, Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e coautor de estudo sobre precificação de tarifas no Brasil.

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