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Commodities

África do Sul decidirá se minas serão do Estado

Escolha será feita em conferência do CNA, partido do presidente Zuma

Para não afugentar investidores, setores do governo torcem para que medida não seja aprovada

SOFIA FERNANDES
ENVIADA ESPECIAL À ÁFRICA DO SUL

O quinto maior mercado de mineração do mundo passa por uma discussão de princípios sobre o direito de uso da terra e das suas riquezas.

A África do Sul vai decidir, em dezembro, se suas reservas minerais, estimadas em US$ 2,4 trilhões, serão nacionalizadas. O debate está cada vez mais intenso e vem colocando investidores e mineradoras em alerta.

Caso o país decida pela nacionalização de seu patrimônio mineral, o Estado terá de volta todos os direitos que atualmente estão nas mãos de gigantes como a inglesa Anglo American, a australiana BHP Billiton e a sul-africana Gold Fields.

Ficará encarregado da exploração de suas jazidas -entre elas estão as maiores no mundo de platina, ouro, manganês e cromo.

A discussão ganha força neste ano, impulsionada pela juventude do CNA (Congresso Nacional Africano), partido do presidente Jacob Zuma. Haverá a conferência da legenda no fim do ano, quando será decidido se as minas serão nacionalizadas.

Ao longo de 120 anos de grande produção mineral, o país já viu a hipótese da nacionalização ser levantada várias vezes.

Mas, agora, será a primeira vez que o assunto tem chances reais de ser votado.

O argumento central dos defensores da proposta é a elevada concentração da riqueza gerada em solo sul-africano nas mãos de poucas mineradoras, enquanto a maior parte da população permanece na miséria.

O contraste é claro para quem chega à Cidade do Cabo pelo aeroporto e atravessa quilômetros de pista ladeada por casebres. De uma hora para outra, descortinam-se casarões e praias badaladas. Não há meio-termo.

O governo tem buscado tranquilizar o mercado, enviando constantes mensagens de que a nacionalização não deverá ser aprovada.

INVESTIMENTO SEGURO

Com uma democracia noviça, consolidada em 1998, o país está no auge dos seus esforços para atrair investimentos e convencer o capital estrangeiro de que propicia um investimento seguro.

A atual configuração do mercado de mineração gera ainda dividendos políticos pela criação de postos de trabalho. Estima-se que o setor empregue 1 milhão de pessoas, direta e indiretamente.

Setores do próprio governo levantam mais duas questões contra a nacionalização. Quem pode garantir que o Estado aplicará, sem desvios, os recursos do setor? Como é possível conseguir dinheiro para uma atividade tão complexa e cara?

"Nacionalização vai demandar muitos recursos para investir na indústria de mineração e o país não tem isso no momento", disse o ministro das Finanças, Trevor Manuel, na conferência Mining Indaba, evento de mineração que foi realizado no começo deste mês.

Segundo Manuel, o relatório do CNA sobre o assunto indica que, caso o partido não decida pela estatização, deve ser criado um novo regime de impostos, incluindo uma taxação especial de minérios que são exportados brutos.

"Temos que recolocar a África do Sul como o centro de excelência em tecnologia de mineração. Dessa forma, o setor terá um papel fundamental na reconstrução da economia depois da recessão", afirmou o ministro.

A jornalista SOFIA FERNANDES viajou a convite da Brand South Africa

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