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Dispara venda de celular que aceita mais de um chip

Participação de modelo 'multichip' passou de 2% para 17% do mercado em 1 ano

Expansão de celular 'ching-ling' desbloqueado dobrou as teles, que têm tarifas de interconexão altas

MARIA PAULA AUTRAN
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

As fabricantes de celulares estão conseguindo vencer a resistência das operadoras para abastecer o mercado brasileiro com modelos que aceitam mais de um chip e funcionam com mais de uma linha simultaneamente.

Antes, as teles, que têm altas tarifas de interconexão -taxa cobrada em chamadas entre celulares de operadoras concorrentes-, não queriam estimular o crescimento desses aparelhos.

A resistência ruiu no ano passado com a expansão do mercado paralelo, abastecido por modelos chineses de até quatro chips, que entravam no país irregularmente.

Resultado: em 2011 esses aparelhos representaram 17% das vendas de celulares no país, segundo dados da consultoria GfK. No ano anterior, o número foi de 2,3%.

As vendas totais de celulares no Brasil em 2011 foram de 57 milhões de unidades, segundo a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).

Só no Natal do ano passado, os telefones "multichips" responderam por 26,7% das vendas no Brasil. Em 2010, a participação foi de 4,6%.

Entre dezembro de 2010 e dezembro de 2011, o número desses modelos oferecidos pelas no país passou de 21 para 94, alta de 348%.

No ano passado, as vendas desses celulares cresceram 780% em relação ao ano anterior. Na LG, que abriu seus números, mais de 20% dos aparelhos vendidos são de dois chips. Neste mês, a empresa lançou um com três.

MODELO AVULSO

Esses aparelhos existem em outros países, mas viraram "necessidade" no Brasil para os clientes de pré-pagos, que respondem por cerca de 80% das 242 milhões de linhas ativas.

Para escapar das tarifas cobradas pela interconexão, esse público passou a adquirir chips avulsos.

Como a Folha revelou em janeiro, a venda dos chips avulsos explodiu em 2011 e representou 15% do total de linhas ativas das operadoras, segundo estimativas das empresas. Cinco anos antes, essa fatia era de 7%.

QUANDO VALE A PENA

Um levantamento da consultoria Teleco feito a pedido da Folha mostra que, nas principais capitais nacionais, vale a pena ter chips avulsos para chamadas mensais com duração superior a nove minutos para determinada operadora concorrente.

Caso contrário, é melhor usar o chip da própria operadora e pagar a interconexão (veja o quadro acima).

O cálculo vale para São Paulo, Rio, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília. No Recife, o mínimo é de dez minutos mensais.

Esses indicadores mostram que a tarifa de interconexão ainda é cara. Segundo a consultoria Bernstein Research, a cobrança é responsável por tornar o minuto de celular entre operadoras no Brasil o segundo mais caro do mundo.

Como o país está coberto por quatro operadoras principais, que cobram tarifas de interconexão diferentes entre si, as fabricantes de celular viram uma oportunidade.

Afinal, com um aparelho "monochip", o cliente precisa trocar o cartão para economizar ou comprar um telefone para cada chip.

No modelo multichip, o processo fica mais prático.

Eles podem ser comprados em lojas do varejo convencional ou pelos sites dos fabricantes. As lojas das operadoras passaram a comercializá-los a partir do segundo semestre de 2010. A Vivo é a única que não os vende.

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