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Cidade X

São João da Barra, que vai abrigar megacomplexo de Eike, deve passar de 33 mil habitantes para 200 mil em dez anos e ter um bairro inteiro construído pelo empresário

DO RIO

Se o governo estadual conseguir desapropriar toda a área prevista inicialmente para a implantação do distrito industrial do Porto do Açu, em pouco mais de dez anos a população do município de São João da Barra crescerá dos atuais 33 mil habitantes para cerca de 200 mil.

O projeto do Porto do Açu estabelece a construção pela Rex, imobiliária de Eike Batista, de um bairro inteiro, com cerca de 40 mil habitações. O investimento total é estimado em US$ 40 bilhões até 2025, com geração de até 50 mil empregos.

Inicialmente anunciado como uma nova cidade -a Cidade X-, o empreendimento projetado pelo urbanista Jaime Lerner foi transformado em um bairro.

Condomínios luxuosos vão dividir o Bairro X com prédios mais populares, propiciando espaço para executivos e trabalhadores do complexo industrial.

O projeto prevê a construção de canais que interligarão duas lagoas da cidade e o rio Paraíba do Sul ao transporte viário. Os canais são descritos como uma espécie de "Veneza brasileira" a ser implantada no norte fluminense.

Outras cidades brasileiras também tiveram crescimento explosivo pela instalação de projetos por grandes empresas, como Parauapebas, no Pará, e Macaé, no Rio de Janeiro.

Descoberta nos anos 1960, uma das maiores províncias minerais do mundo, Carajás começou a ser desenvolvida com exclusividade pela Vale em 1981.

Ao lado da jazida surgiu a província de Parauapebas, hoje município, com 153 mil habitantes, segundo dados de 2010 do IBGE.

A cidade atraiu muitos migrantes, principalmente do Maranhão, de Minas Gerais e de Goiás, e enfrenta os efeitos do crescimento desordenado, registrando uma grande desigualdade social entre os trabalhadores da Vale e os que migraram e não conseguiram empregos.

Em Macaé, no Rio de Janeiro, conhecida como a capital do petróleo, a população foi multiplicada por dez após a descoberta da bacia de Campos pela Petrobras, em 1974, e atualmente totaliza 200 mil habitantes. A economia cresceu 600% nesse período.

Atraídos por esse crescimento, milhares de pessoas de outras regiões do país migraram para a cidade, no litoral norte do Estado. Em sua grande maioria, os migrantes não tinham nenhuma qualificação profissional, o que provocou o aumento de favelas na cidade e uma legião de desempregados.

(DENISE LUNA)

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