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Pós-Daslu terá mais grifes em lojas próprias

Especialistas dizem que, com crise de modelo multimarcas, estrangeiras querem comando de operações no Brasil

Expansão do mercado de luxo no país também eleva interesse por lojas exclusivas; mais marcas devem chegar

CLAUDIA ROLLI
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Com o fim da "era Daslu" e a morte da empresária Eliana Tranchesi, o conceito de loja de departamento multimarcas, com várias grifes internacionais de luxo dividindo o mesmo espaço, tende a se encerrar no país.

Em vez de buscar somente um "corner" em um templo de luxo, as grifes querem cada vez mais assumir o comando de suas operações no Brasil e manter controle sobre o faturamento, segundo avaliam especialistas e executivos desse mercado.

"Com a crise na Europa e nos EUA, o crescimento e a estabilidade econômica do Brasil, as marcas começaram a observar o país com outros olhos e a entender o potencial de consumo. Assim houve um interesse crescente em trazer as marcas com lojas próprias", diz Malu Pucci, diretora da divisão retail da JHFS (dona do shopping Cidade Jardim), que administra marcas como Hermès, Pucci e Jimmy Choo.

O mercado de luxo cresceu perto de 13% no ano passado no país e faturou US$ 13 bilhões. A estimativa é que em cinco anos esse valor seja até quadruplique.

"O setor deve sustentar esse crescimento por mais uma década ainda", diz Sílvio Passarelli, diretor do MBA da Faap sobre gestão de luxo.

Desde que a Daslu teve problemas de sonegação fiscal, em 2005, que culminaram na condenação de Tranchesi, em primeira instância, a 94 anos de prisão, muitas grifes romperam contratos de exclusividade e passaram a contar com operações próprias.

Caso da francesa Chanel. Começou como um espaço na Daslu e depois abriu loja própria no shopping Cidade Jardim em parceria com Tranchesi. Desde 2010, quando inaugurou a loja do shopping Iguatemi, a grife francesa se desligou por completo da loja criada por Tranchesi.

A próxima a seguir os mesmos passos é a Valentino. Também entrou no mercado brasileiro por meio da Daslu e deve inaugurar loja própria em São Paulo em setembro.

Já a italiana Gucci abriu neste fim de semana uma loja no Cidade Jardim e planeja se expandir. A marca já tem lojas no Iguatemi de São Paulo e no de Brasília.

"Ao baratear custos e eliminar intermediários, a marca consegue colocar produtos com preço mais atraente ao consumidor", diz Kika Rivetti, gerente de marketing da Longchamp no Brasil.

A marca francesa de bolsas e acessórios de couro vende produtos de R$ 250 até R$ 3.000 e deve abrir dois novos espaços em São Paulo.

RIO-São Paulo

Para Marco Antônio Fidélis, diretor da Prestige Consultoria, o eixo Rio-São Paulo ainda concentrará a maior parte das marcas que devem montar operações no Brasil.

O país tem em torno de 2,2 milhões de famílias com renda mensal a partir de R$ 25 mil, segundo o consultor. Na região Sudeste, estão concentradas 140 mil delas com renda mensal acima de R$ 150 mil e que fazem parte do seleto grupo de consumidores do chamado luxo absoluto.

"Isso explica por que a expansão [de novas grifes] acontece para mercados como Nordeste, Brasília e Manaus. Mas a concentração permanece no Sudeste em centros comerciais como os shoppings JK e Iguatemi, empreendimentos da família Jereissati, e Cidade Jardim."

Com inauguração prevista para abril, o JK deve abrir espaço para ao menos 20 grifes -como as italianas Prada, Balenciaga, Bottega Veneta e Miu Miu.

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