BNDES recupera menos crédito, e lucro cai 9%

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) recuperou menos créditos em atraso em 2011 e reduziu a venda de ações de empresas das quais é acionista, o que resultou em queda de 8,7% no lucro.

O resultado de R$ 9,048 bilhões é, porém, o segundo melhor -abaixo apenas dos R$ 9,913 bilhões de 2010.

De acordo com Carlos Frederico Rangel, superintendente financeiro, a recuperação de empréstimos computados como perdas foi "atípica" em 2010, inflando o resultado. Naquele ano, o BNDES renegociou R$ 2,3 bilhões, ante R$ 800 milhões de 2011.

Já a receita com a venda de ações caiu R$ 1,5 bilhão de 2011 para 2010, num ano em que a Bolsa perdeu 18%.

O BNDES compra participações em empresas para injetar capital. Mas vende os papéis diante de um cenário oportuno ou quando julga que a companhia não precisa mais de apoio.

O resultado, porém, foi compensado pelo crescimento de R$ 1,9 bilhão de 2010 para 2011 nos dividendos pagos por empresas ao BNDES.

O lucro é, em parte, distribuído à União, controladora do banco. O restante é retido para retornar sob a forma de novos empréstimos.

Em 2011, o BNDES pagou R$ 6,8 bilhões em dividendos ao Tesouro Nacional, mas recebeu o mesmo valor de volta sob a forma de ações da Petrobras.

DEPENDÊNCIA

Os números mostram ainda a elevada dependência do país do crédito do BNDES. Sua carteira de empréstimos de R$ 426 bilhões representou 20,8% do total do sistema financeiro.

Em 2008, esse percentual era de cerca de 17%.

Para Maurício Canedo, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas), o banco empresta a grandes empresas que conseguiriam financiamento privado.

Dessa forma, afirma, "estrangula" o mercado de crédito doméstico. O ideal, de acordo com o economista, seria focar infraestrutura -área com baixo interesse para o setor privado, em razão do menor retorno.