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Análise agronegócio

Preços elevados do milho incentivam produtor dos EUA

LEONARDO SOLOGUREN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os efeitos climáticos na América do Sul tiveram grande repercussão sobre os preços internacionais do milho neste primeiro bimestre.

Os preços médios do cereal na Bolsa de Chicago (análise do primeiro vencimento) registraram, até sexta-feira, alta de 6,1% em relação aos praticados em dezembro.

A expectativa de safras menores no Brasil e na Argentina teve peso importante sobre o comportamento de valorização dos preços.

A queda em relação à produção esperada é preocupante no momento em que há forte aumento da demanda.

Segundo estimativas do Usda, a demanda mundial deverá registrar crescimento de 21,7 milhões de toneladas na safra 2011/12. Quando comparada à de 2009/10, então, o crescimento esperado da demanda é de 50 milhões de toneladas -a produção mundial deverá crescer 45 milhões nesse período.

Com o ritmo de aumento da demanda superando o da produção mundial, as cotações internacionais estão conseguindo se manter em níveis elevados. A valorização do cereal deverá estimular o aumento da área plantada nos EUA em 2012/13.

A expectativa é que a área norte-americana a ser semeada alcance cerca de 38 milhões de hectares em 2012/13, superando em 2,1% a área da safra anterior. A rentabilidade do milho explica esse movimento de expansão.

Com os preços elevados dos grãos nos últimos anos, a necessidade de subsídio aos produtores norte-americanos deixou de ser o direcionador dos investimentos. A relação de preços entre as culturas passou a ser a ferramenta de decisão de investimento.

Entre as safras 2007/8 e 2011/12, a relação de preços soja/milho foi o principal determinante na variação de área entre as duas culturas nos EUA. Estatisticamente, essa relação explica quase 90% do movimento de variação entre as áreas. Se aplicássemos a equação que demonstra essa correlação, poderíamos dizer, então, que o crescimento da área de milho poderia ser de até 2,4%.

Em tese, o aumento esperado da área plantada com o milho nos EUA poderia acarretar pressão negativa sobre os preços, do ponto de vista fundamental. Atualmente, os preços praticados no mercado internacional são favoráveis à exportação do Brasil.

No entanto, no segundo semestre, o país será um competidor direto dos EUA, que, se confirmar a colheita recorde, poderá comprometer as exportações brasileiras. Resta saber como será o comportamento do câmbio e a sua influência sobre a capacidade de exportação do Brasil.

LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro-agrônomo, mestre em economia e sócio-diretor da Clarivi.

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