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EUA cancelam acordo com a Embraer

Força Aérea alega problemas no processo de seleção e freia concorrência de US$ 355 mi para a compra de 20 aviões militares

Governo Obama estava sob forte pressão da concorrente Hawker Beechcraft, que havia sido desclassificada

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

A Força Aérea dos Estados Unidos cancelou ontem a concorrência de US$ 355 milhões vencida em dezembro pela Embraer para a aquisição de 20 aviões modelo Super Tucano.

A Força Aérea alegou problemas no processo de seleção. A fabricante norte-americana Hawker Beechcraft comemora vitória.

Desclassificada da disputa em novembro, a HB fez intensa pressão política e jurídica sobre a administração Obama e a Força Aérea para impedir que o contrato caísse nas mãos da brasileira, parceira da também americana Sierra Nevada.

Apelando para o sentimento patriótico em meio à crise econômica, a HB argumenta que o contrato é fundamental para que sejam preservados 1.400 empregos em território norte-americano.

"Recebemos a notícia de que a Força Aérea vai restabelecer a Hawker Beechcraft na disputa", disse ontem a HB em um comunicado. À Folha a assessoria da Força Aérea disse que a decisão de requalificar a HB "ainda está para ser determinada".

Em um comunicado oficial, a Força Aérea declarou que, por uma medida "corretiva", decidiu suspender o contrato, que entraria em vigor no dia 2.

"Apesar de buscarmos a perfeição, às vezes a gente falha. E, quando isso acontece, tomamos medidas corretivas. Como a aquisição ainda está sob litígio, só posso dizer que o executivo de aquisições da Força Aérea, David Van Buren, não está satisfeito com a qualidade da documentação que deu subsídio à escolha", disse Michael B. Donley, secretário da Força Aérea.

SURPRESA

A Embraer foi pega de surpresa. Em nota, a empresa lamentou a perda do contrato e disse que aguarda maiores esclarecimentos para decidir, com a Sierra Nevada, "os próximos passos".

"A Embraer participou do referido processo de seleção disponibilizando, sem exceção e no prazo próprio, toda a documentação requerida."

A empresa disse ainda acreditar que a decisão pelo Super Tucano "foi uma escolha pelo melhor produto, com desempenho em ação já comprovado e capaz de atender com maior eficiência às demandas apresentadas pelo cliente".

O contrato estava suspenso desde o dia 4 de janeiro (cinco dias depois de ter sido anunciado oficialmente).

A Força Aérea decidiu se antecipar e suspender o contrato depois que a HB entrou com ação na Justiça alegando falta de transparência no processo.

Mas, mesmo após a suspensão do contrato, oficiais americanos deram declarações defendendo a escolha pelo Super Tucano.

A HB criou site, página no Facebook e perfil no Twitter para convocar a população a escrever para os congressistas a fim de pressionar a Força Aérea a não "exportar empregos" para o Brasil.

Os aviões Super Tucano seriam usados para apoiar a operação militar americana no Afeganistão. Os EUA seriam a sétima força aérea no mundo a utilizar o avião.

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