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Google adota nova política de privacidade

Sob protestos de governos, gigante da internet alterou ontem o modo como lida com as informações dos usuários

Na Europa e nos EUA, autoridades reprovam compartilhamento automático de dados pessoais pela empresa

MARION STRECKER
COLUNISTA DA FOLHA, EM SAN FRANCISCO

Maior empresa de internet do mundo, o Google mudou ontem a "política de privacidade" à revelia de protestos.

Larry Page, cofundador e principal executivo do Google, recebeu na semana passada uma carta de 39 procuradores federais dos EUA. Nela, afirmam que a nova política "invade a privacidade ao compartilhar informações pessoais automaticamente em outros serviços, quando o usuário insere a informação em um serviço específico".

Nesta semana, a Comissão Nacional para Computação e Liberdades Civis da França disse que a nova política é contrária aos padrões europeus de proteção de dados. Ontem, decidiu iniciar investigação sobre as normas.

A gigante de buscas anunciara a mudança em 24 de janeiro. Depois, reduziu o tema a um link em letras miúdas no pé da página principal: Novos Termos e Privacidade.

Nos EUA, a preocupação relativa à privacidade on-line é grande, dadas as recentes descobertas de quantos dados pessoais podem ser coletados sem o cliente saber, como agendas telefônicas.

A Apple também está sob pressão pelas muitas falhas descobertas no seu processo de aprovação de aplicativos para iPhone e iPad.

As críticas vêm do presidente dos EUA, Barack Obama, da Federal Trade Commission, do Departamento do Comércio, de instâncias do Poder Judiciário, de entidades de defesa do consumidor e de grupos de advogados.

Na semana passada, Obama disse que "os consumidores americanos não podem mais esperar para ter regras claras que assegurem que suas informações pessoais estejam seguras on-line".

O governo americano concluiu estudo sobre como regular a coleta on-line de dados do consumidor, fixando um rol de sete direitos básicos. E pressiona o Congresso a aprovar rapidamente lei de direito à privacidade.

LOBBY

Enquanto isso, as grandes empresas de internet contratam advogados e lobistas, se unem para desenvolver a autorregulamentação e argumentam que qualquer lei é nociva à liberdade.

A principal concessão que fizeram, por meio da DAA (Digital Advertising Alliance), na semana passada, foi aderir à proposta tecnológica "Do Not Track" ("Não Rastreie").

A DAA declarou que "deseja alcançar entendimento com fabricantes de browsers para ter a solução de um só clique em nove meses".

Pesquisa de 2006 da Universidade da Califórnia constatou que somente 1,4% das pessoas tem o hábito de ler regras de uso de serviços on-line. Outro estudo, divulgado anteontem pelo Big Brother Watch, revelou que 9 entre 10 usuários do Google não leram a nova política.

Com seus mais de 70 serviços, o Google é uma potência mundial de coleta, armazenamento e processamento de dados. Detém 78% do mercado de buscas na web, possui 350 milhões de pessoas em seu correio eletrônico (Gmail) e reproduz 3 bilhões de vídeos por dia no YouTube, entre outros serviços.

Com o "Guardian"

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