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Commodities

América do Sul perde 15 milhões de toneladas de soja

Seca faz EUA reduzir projeção para a safra de Brasil, Argentina e Paraguai para 124 milhões de toneladas

Mercado já incorporou queda na produção e acompanhará definição sobre plantio nos EUA, que devem manter área

MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) se rendeu aos impactos da seca na América do Sul e refez as estimativas de produção de grãos. Os novos números indicam que a safra de soja da região deverá ser 15 milhões de toneladas inferior à prevista em dezembro.

A estimativa atual aponta 123,5 milhões de toneladas na soma de Brasil, Argentina e Paraguai, ante 138,2 milhões previstos em dezembro.

"É uma ratificação do que o mercado já previa", diz Anderson Galvão, da consultoria mineira Céleres. Mas essa queda vai refletir no mercado de grãos e pode trazer volatilidade aos preços.

A indústria já se adapta ao novo cenário. Como a produção de soja no país -estimada em 68,5 milhões de toneladas pelo Usda- deve ser 5 milhões de toneladas menor do que a prevista, as exportações e a produção de óleo e farelo devem cair neste ano.

"O que ameniza um pouco a situação é o bom estoque inicial de 3,4 milhões de toneladas", afirma Fábio Trigueirinho, da Abiove, associação da indústria.

Do total em estoque, a indústria pretende usar pelo menos 1,5 milhão de toneladas nesta safra. "Mas ainda faltarão 3,5 milhões de toneladas do que esperávamos trabalhar neste ano."

SAFRA AMERICANA

Com a queda na safra sul-americana já incorporada pelo mercado, as próximas semanas serão de grande discussão sobre o quanto os norte-americanos vão semear.

Conhecida a área, a dúvida recai sobre os eventuais problemas que o clima poderá trazer ao desenvolvimento das lavouras. Só no último trimestre os dados de produção dos EUA serão conhecidos.

Com esse cenário, Galvão estima que os preços da soja terão o terceiro ano de alta.

Fábio Meneghin, da Agroconsult, diz que a área de milho nos EUA pode atingir o recorde de 38,1 milhões de hectares, com aumento de 800 mil. A produção iria a 350 milhões de toneladas, se mantida produtividade média de 10 toneladas por hectare.

Uma produtividade próxima à das últimas duas safras -9,4 toneladas por hectare- traria a produção para 330 milhões de toneladas, 4,5% acima da anterior. Nesse caso, a relação estoque-consumo continuará sensível.

Assim também é visto o cenário para a soja, que deve ter a mesma área da safra anterior. Daniele Siqueira, da Agência Rural, diz que, se a produtividade for normal, os 30,4 milhões de hectares a serem semeados poderão render 88,5 milhões de toneladas e estoques para 22 dias.

Com eventual quebra de 3%, a produção cairia para 85,9 milhões de toneladas e os estoques seriam suficientes para apenas 12 dias, percentual de alto risco.

Segundo a analista, o mercado já absorveu a quebra de produção de soja na América do Sul e área estável nos EUA, colocando os preços em patamares maiores.

No entanto, um eventual agravamento da crise financeira pode provocar a saída dos fundos do mercado, enfraquecendo os preços das commodities.

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