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Análise

Fundos DI terão que se adaptar para continuar atraindo clientes

RAFAEL PASCHOARELLI
ESPECIAL PARA A FOLHA

A redução da Selic na semana passada colocará mais pressão sobre os fundos de investimento referenciados ao CDI e que cobram taxas de administração superiores a 1,4% ao ano de seus cotistas.

Estes fundos dificilmente conseguirão apresentar um rendimento líquido de impostos superior à poupança considerando prazos de aplicação inferiores a seis meses e, por conseguinte, sujeitos a 22,5% de imposto de renda.

Segundo informações extraídas do sistema de acompanhamento de fundos comdinheiro.com.br, existem atualmente no Brasil cerca de 10,4 mil fundos em situação normal.

Destes, cerca de 600 fundos são referenciados ou de curto prazo sendo, portanto, sensíveis às variações no juros. Da amostra, cerca de 30 fundos cobram de cotistas entre 4,2% e 6% ao ano a título de taxa de administração.

Duas conclusões emergem dos números acima: a indústria de fundos tem que evoluir de modo que a competição possa expelir do mercado os fundos que cobram taxas excessivas, para dizer o mínimo. Outra conclusão é que, felizmente, o número de fundos nessa situação é diminuto e não é representativo da indústria como um todo.

Contudo, ainda que esses 30 fundos representem menos de 0,3% do universo em funcionamento no Brasil, o que é realmente impressionante é que eles possuem um patrimônio líquido superior a R$ 20 bilhões contando com centenas de milhares de cotistas que, certamente, não fazem ideia que estão pagando preço de ouro por um serviço que pode ser contratado a custos inferiores.

Aliás, a existência desses fundos mostra que, antes de a Selic ficar abaixo de dois dígitos, muitos já vinham perdendo da poupança.

Se levarmos em conta que o "benchmark" mais adequado é o CDI, o cenário de rendimento desses fundos não será de boas notícias. Dos cerca de 600 fundos classificados como referenciados ou de curto prazo, pouco mais de 130 conseguiram render igual ou mais que o CDI e igual número rendeu menos de 80% do CDI em 12 meses.

Diante destes números, outras classes de fundos devem se sobressair ofertando a possibilidade de melhor retorno, ainda que com maior exposição ao risco. Estou falando dos fundos multimercados, que devem ser a alternativa natural em tempos de juros cadentes e Bolsa subindo.

RAFAEL PASCHOARELLI é professor do Departamento de Administração da FEA-USP

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