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Análise agronegócio

Drama da oferta reduzida de soja continua em 2012/2013

FERNANDO MURARO JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA

A produção mundial de soja da safra 2011/12 não para de ser revista para baixo.

Primeiro, foi a estiagem do verão norte-americano, que reduziu a colheita dos Estados Unidos dos 89 milhões de toneladas inicialmente previstos para os 83 milhões colhidos no fim de 2011.

Agora, são os números da safra da América do Sul que ficam menores a cada dia.

Demorou, mas, na semana passada, o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) finalmente reconheceu que a estiagem causada pelo fenômeno La Niña fez um estrago maior do que se esperava.

Para o Brasil, a safra foi reduzida para 68,5 milhões de toneladas, bem abaixo dos 75 milhões estimados poucos meses atrás, devido ao impacto da seca na região Sul e no sul de Mato Grosso do Sul.

Já a produção da Argentina, avaliada inicialmente em 52 milhões de toneladas, é calculada em 46,5 milhões.

E o Paraguai, que tinha potencial para quase 8 milhões de toneladas, não deve colher mais do que 5 milhões.

Com isso, a safra mundial de soja, cuja primeira projeção era de 263 milhões de toneladas, agora é estimada em 245 milhões.

A perda, de 18 milhões de toneladas, ou 7%, é resultado da queda de cerca de três sacas por hectare na produtividade média mundial.

É muita coisa. Essa retração também pressiona os estoques mundiais, calculados em 57 milhões de toneladas, ante quase 69 milhões de toneladas no ciclo anterior.

Para o produtor brasileiro, o resultado positivo de tudo isso é que o preço de venda para 2013 (isso mesmo, safra 2012/13), que começa a ser negociado antecipadamente entre empresas, já é tratado acima dos valores médios fechados para entrega em 2012.

Em Rio Verde, no sudoeste de Goiás, por exemplo, o preço médio da safra 2011/12 até agora é de R$ 44 por saca de 60 quilos. Para 2013, há negócios a R$ 47, o que também já começa a sinalizar aumento na área plantada na próxima temporada.

E o drama da escassez de abastecimento não termina tão cedo. Só o que muda são os atores. Com a quebra de safra na América do Sul, o suprimento da segunda parte do ano passa a ser dos Estados Unidos.

O problema, para a oferta de soja, é que os norte-americanos, devido aos altos rendimentos das lavouras de milho e dos atuais preços internacionais, devem cultivar cerca de 38 milhões de hectares com o grão, a maior área desde 1944.

Uma parte desse avanço do milho ocorrerá sobre soja e algodão. Para a soja, as primeiras pesquisas indicam número muito parecido com o do ano passado, em torno de 30,4 milhões de hectares.

Por isso, se os Estados Unidos não tiverem clima bom e produtividade excelente, seus estoques de soja deverão continuar baixos.

Mas tudo isso é assunto para os próximos capítulos da novela climática da safra 2012/13, que está apenas começando.

FERNANDO MURARO JR. é engenheiro-agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas.

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