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Gigante têxtil mira o ramo imobiliário Coteminas, da família de José Alencar, desativa fábricas no Rio Grande do Norte e constrói complexo com hotel e shopping Empreendimento terá investimento de R$ 1 bi; Josué Gomes da Silva nega que empresa vá deixar o setor têxtil
DE BRASÍLIA Em meio à crise do setor têxtil -causada pela valorização do real e pela concorrência das importações da China-, a Coteminas, uma das maiores empresas do Brasil nessa área, está desativando duas fábricas no Rio Grande do Norte para explorar um dos segmento que mais crescem no país: o imobiliário. A empresa usará o terreno de 885 mil metros quadrados que tem em São Gonçalo do Amarante, próximo a Natal, para construir um complexo imobiliário que incluirá residências, escritórios, shopping center, hotel, centro de convenções, teatro e escola. Localizado no mesmo município em que foi entregue à iniciativa privada a construção do novo aeroporto internacional do Estado, destinado a atender a demanda da Copa de 2014, o empreendimento está orçado em R$ 1 bilhão e projeta um fluxo diário de até 45 mil pessoas. A ideia é que a primeira fase do projeto esteja pronta para "aproveitar o movimento da Copa". O restante dependerá da demanda no setor, mas a expectativa é que tudo esteja concluído em cinco anos, segundo o presidente da empresa, Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente José Alencar. O empresário, que é colunista da Folha, nega que esteja abandonando o setor têxtil, que enfrenta um dos seus piores momentos. "Vamos continuar produzindo a mesma quantidade em outra unidade", disse à Folha. "Estudos de mercado apontaram qual era a melhor utilização do terreno." Ele admite que a indústria têxtil perdeu importância relativa na economia, mas destaca que "uma coisa não atrapalha a outra". Questionado se não abre caminho para mudar de área, desconversa: "O futuro a Deus pertence". Desde 2006, as importações brasileiras da área têxtil e de confecções superam as exportações. O deficit comercial vem crescendo num ritmo acelerado. A produção registrou queda no ano passado em relação a 2010, apesar do crescimento nas vendas, e os empresários do ramo negociam com o ministro Guido Mantega (Fazenda) medidas de socorro ao setor. TRANSFERÊNCIA A Coteminas abriu a primeira fábrica em São Gonçalo na década de 1980. Depois construiu uma segunda unidade ao lado. Nas duas trabalham 1.100 pessoas e são desenvolvidas cinco das sete etapas da produção da empresa, da fiação à confecção final de produtos de cama, mesa, banho e vestuário. Segundo Silva, num primeiro momento somente estão sendo desativadas as fases de fiação e tecelagem. O restante depende de uma redistribuição da empresa, pois é preciso manter o abastecimento da outra fábrica no Estado, responsável pela confecção dos produtos. Ele diz que provavelmente as unidades da Paraíba vão suprir a produção desativada inicialmente em São Gonçalo. Nas outras etapas, a transferência será mais lenta. Silva diz que ao menos metade dos funcionários será reaproveitada em outras unidades. Cerca de 550 dispensados farão cursos de capacitação para atender à nova demanda na área de comércio, hotelaria e escritórios. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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