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Brasil importará menos carros do México

Países selam entendimento para renegociar acordo automotivo, após ameaça de rompimento feita pelo governo Dilma

México só poderá exportar US$ 1,45 bi neste ano sem o pagamento de imposto, ante US$ 2 bi em 2011 em 2011

VALDO CRUZ
MAELI PRADO
DE BRASÍLIA

Brasil e México bateram ontem o martelo em torno da renegociação do acordo automotivo bilateral.

Os mexicanos aceitaram restringir exportações de veículos ao Brasil sem a incidência de Imposto de Importação pelos próximos três anos, além de elevar a parcela da sua produção composta por peças nacionais.

O acordo, que será anunciado oficialmente hoje, foi acertado ontem depois de o governo brasileiro ceder às pressões dos mexicanos e aceitar índice de nacionalização menor do que o defendido por Dilma Rousseff.

O Planalto exigia que o México aceitasse aumentar o percentual de peças fabricadas localmente em seus veículos exportados para o Brasil, num prazo de três anos, de 30% para 45%.

Os mexicanos não aceitavam a proposta, que chegaram a ameaçar inviabilizar o fechamento do acordo.

O Brasil cedeu e o acertado ficou no meio do caminho: no próximo ano, o conteúdo local nos carros mexicanos exportados para o mercado brasileiro terá de subir para 35%. Depois, passará para 40% em 2016, ou seja, o processo de elevação se dará num prazo de cinco anos.

O México aceitou apenas incluir regra na revisão prometendo discutir, entre 2014 e 2015, a viabilidade de subir o conteúdo local para 45%.

No México, o cálculo do índice de nacionalização é feito de forma diferente do que no Brasil: 40% é equivalente a 75% pelas regras brasileiras, que também devem se tornar mais rígidas.

COTAS MÓVEIS

Os dois países já haviam acertado implementar temporariamente um sistema de cotas móveis, baseadas na média dos três anos anteriores.

O México poderá exportar ao Brasil no máximo US$ 1,45 bilhão em carros de passeio em 2012. Em 2013, US$ 1,56 bilhão, e em torno de US$ 1,6 bilhão em 2014.

Em 2011, as exportações chegaram a US$ 2 bilhões, alarmando o governo brasileiro, que passou a insistir na revisão do acordo, assinado por Mercosul e México em 2002. No ano da implementação, a exportação para o Brasil foi de só US$ 54,7 milhões.

A negociação foi concluída ontem pelo ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) na Cidade do México. Fernando Pimentel (Desenvolvimento) voltou anteontem, após negociações.

AMEAÇAS

O governo brasileiro vinha ameaçando o México a romper o acordo automotivo por conta do aumento exagerado na entrada de veículos caso aquele país não aceitasse mudar as regras vigentes.

Pelo acordo entre os dois países, a venda de carros mexicanos para o Brasil não paga Imposto de Importação, além de estar livre do recente aumento de 30 pontos percentuais no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) criado para proteger as montadoras instaladas aqui.

A disparada na venda de carros mexicanos para o Brasil ocorreu principalmente depois da retração das vendas nos EUA, o que fez o México direcionar suas vendas para outros países.

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