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Cotas podem elevar preço de importado, afirmam analistas

Limite imposto à importação de carros do México traz risco de prejudicar consumidor; Anfavea aprova acordo

Tendência é preço de alguns veículos importados do México subir a curto prazo, dizem especialistas

CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO

A mudança no acordo que impôs cotas por três anos para importação de veículos do México pode elevar o preços dos carros importados daquele país pelo Brasil.

A análise é de especialistas do setor automotivo e de alguns concessionários consultados pela Folha.

Neste ano, o México poderá exportar ao Brasil no máximo US$ 1,45 bilhão em carros de passeio. Em 2013, a cota passa para US$ 1,56 bilhão; em 2014, para US$ 1,6 bilhão.

O Brasil decidiu rever o acordo após as exportações de carros mexicanos crescerem 70% no ano passado.

"Ao estabelecer limites para a importação, a tendência é valorizar o produto, que passa a ser mais disputado, e encarecer seu preço", diz Luiz Carlos Mello, coordenador do CEA (Centro de Estudos Automotivos). "O maior prejudicado é o consumidor. Como esses veículos não são fabricados no Brasil, ou ele paga o preço ou fica sem o carro."

A venda de carros mexicanos para o Brasil não paga Imposto de Importação e está isenta do aumento de 30 pontos percentuais no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) criado para proteger as montadoras instaladas no Brasil.

Para João Carlos Rodrigues, diretor-presidente da consultoria Jato Dynamics do Brasil, a questão de preços só deve se definir após cada montadora saber a cota que poderá importar no limite estabelecido neste ano.

COMPOSIÇÃO

"Uma montadora pode trazer, por exemplo, 200 carros em sua cota (sem pagar imposto) e optar em trazer mais 50 pagando imposto para atender o mercado. Ao colocar o carro à venda, pode fazer uma composição de custos para não afetar demais o preço na ponta", diz.

Uma das empresas que devem ser mais afetadas pela revisão do acordo é a Nissan, dizem especialistas. A montadora japonesa dobrou as vendas de veículos no primeiro bimestre deste ano e traz do México os modelos March, Versa, Sentra e Tiida.

"A Nissan está ciente de que os governos brasileiro e mexicano chegaram a uma conclusão sobre a revisão do acordo comercial. Vamos continuar o nosso diálogo com ambos os países para melhor compreender o total impacto desse último acordo em relação ao nosso negócio", afirma em nota.

Alguns concessionários e executivos de montadoras admitiram à Folha que pode haver "especulação" de preços dos carros mexicanos em um primeiro momento. Como a competição com outros modelos é acirrada, os preços tendem a se "acomodar".

"O consumidor migra para outro modelo do mesmo patamar quando o preço aumenta", afirma o consultor André Beer.

A Anfavea (associação dos fabricantes de veículos) informou que considera "positiva" a renegociação do acordo com o México, "preservando o princípio do livre comércio no futuro".

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