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Análise / Inflação

Preço de alimentos tem variação menor em 2012

PAULO PICCHETTI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em artigo de 4 de fevereiro, mostramos que a previsão antes feita no sentido de variações menores para os preços dos alimentos foi concretizada no início de 2012.

De acordo com as informações do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da FGV, a variação média dos preços dos alimentos em janeiro e em fevereiro foi de 0,3% em 2012, ante 0,8% em 2011 e 1,4% em 2010.

Aqui chamamos a atenção para um aspecto adicional e de igual importância: a evolução da volatilidade dos preços. Normalmente, o nível de variação dos preços está associado à sua dispersão (medida estatisticamente pelo desvio-padrão), tanto em termos de um conjunto de preços em um instante do tempo quanto em termos da evolução do preço de um item ao longo do tempo.

Nos índices de preços ao consumidor no Brasil, isso é particularmente verdadeiro, dado o grande peso do item alimentação no total dos gastos do consumidor.

Fazendo uma média móvel de 12 meses do desvio-padrão das variações de preços tanto do IPC-S como um todo quanto do item alimentação, livramos a análise dos efeitos sazonais conhecidos, e obtemos o padrão muito claro no gráfico à direita.

Sendo a dispersão dos preços de alimentos muito superior à do IPC-S como um todo ao longo do tempo, ela é na verdade a grande fonte da volatilidade deste e dos outros índices de preços ao consumidor no Brasil.

No passado recente, a volatilidade vem caindo seguidamente após o pico da série histórica no início de 2011. Essa redução no início de 2012 resulta não só diretamente da redução da volatilidade dos preços de alimentos mas também de outro fato importante: a redução do peso da alimentação na ponderação desses índices.

Tanto o IPCA (IBGE) como o IPC-S foram reponderados no início deste ano de acordo com as informações da última POF. No caso do IPC-S, o peso da alimentação caiu de quase 30% na ponderação anterior para pouco mais de 23% na ponderação atual.

Essa redução substantiva tem então como um de seus efeitos a redução da transmissão da volatilidade dos preços de alimentos para os índices como um todo. Olhando para os subgrupos do item alimentação, ainda temos oscilações relativamente elevadas no início deste ano em frutas e em carnes bovinas.

Mas, de forma geral, a redução na volatilidade está generalizada, apresentando-se em hortaliças e legumes, arroz e feijão, laticínios, panificados e óleos e gorduras.

Esse cenário facilita a realização de projeções e contribui de forma geral para a estabilidade macroeconômica e, por conta dos padrões sazonais, possui uma perspectiva favorável de manter-se nos próximos meses.

PAULO PICCHETTI, doutor em economia pela Universidade de Illinois, é professor da EESP/FGV e coordenador do IPC-S/Ibre/FGV.

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