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Prevenção antivazamento é frágil no país

Além disso, é reduzido o investimento em pesquisas para obter novas tecnologias de prevenção de acidentes

DENISE LUNA
DO RIO

Com perspectiva de se tornar um dos maiores produtores mundiais de petróleo nos próximos dez anos, o Brasil não sabe quanto já vazou de líquido em seu território.

Órgãos responsáveis pelo controle ambiental como Ibama, ANP e Marinha, procurados pela Folha, disseram não ter registro histórico dos vazamentos.

Para agravar a situação, o país também investe pouco em pesquisas para encontrar novas tecnologias da prevenção de acidentes. Já para as áreas de exploração, produção e limpeza pós-vazamentos, os recursos são elevados.

O Plano Nacional de Contingência, esperado desde o início da década, está pronto, mas ainda depende da aprovação de inúmeros ministérios e da presidente Dilma antes de ser implantado.

Enquanto isso, vazamentos continuam ocorrendo no país. O mais recente, no bloco explorado pela Chevron na bacia de Campos, deixou claro o quão pouco se conhece a respeito da exploração em águas profundas.

Quatro meses depois de um acidente que jogou ao mar 2.400 barris de petróleo, um novo vazamento surgiu a três quilômetros do local do primeiro acidente.

As causas ainda não são conhecidas e especialistas divergem se o segundo é consequência do primeiro.

Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, o segundo vazamento mostrou mais uma vez como as autoridades brasileiras estão despreparadas para evitar acidentes.

"A culpa é tanto do governo quanto da Chevron. A indústria do petróleo é uma atividade de risco, tinha de fiscalizar para evitar esse segundo acidente", afirmou.

A ANP autuou a Chevron pelo segundo acidente, mas, passados quatro meses do primeiro, ainda não concluiu o processo administrativo contra a empresa. Sem concluir o processo, não se pode determinar o valor da multa.

"Faltam algumas vírgulas", disse a nova diretora-geral da agência, Magda Chambriard. A autarquia afirma que tem papel importante na prevenção de acidentes, fazendo auditorias regulares de segurança operacional nas plataformas e analisando a documentação, entre outras providências.

SEM PESQUISA

Um dado sintomático é revelado pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Lá não existem propostas para estudos visando aumentar a prevenção de acidentes na indústria do petróleo.

Os esforços de pesquisa são no sentido de melhorar o desempenho da exploração e produção pelas empresas ou para limpeza pós-vazamento.

"Não houve tempo ainda de construirmos uma demanda específica para prevenção, mas qualquer projeto bem estruturado terá todo apoio para ser desenvolvido. É hora de o país começar a pensar nisso", disse o chefe do departamento da área de planejamento da Finep, Rogério Medeiros.

A Finep financiou em 2011 R$ 4 bilhões para estudos da cadeia de petróleo e quer aumentar esse valor para R$ 40 bilhões em poucos anos.

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