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Empresa ligada a calote pede novo incentivo Grupo conectado a prejuízo a cofres públicos há mais de 15 anos, segundo a Fazenda, quer construir montadora de novo Fazenda Nacional obteve na Justiça decisão que bloqueia o uso das marcas Towner e Topic pela CN Auto
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO DE BRASÍLIA Uma empresa que, de acordo com o Ministério da Fazenda, tem ligações com um calote bilionário contra o governo anunciou planos de construir uma fábrica de carros no Brasil em troca de incentivos -exatamente a mesma promessa que gerou o prejuízo aos cofres públicos há mais de 15 anos. O elo entre a primeira empresa, a AMB (Asia Motors do Brasil), e a segunda, CN Auto, é o empresário Washington Armênio Lopes, que, segundo uma ação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, aparece nos quadros societários dos dois grupos. Armênio Lopes é um dos sócios brasileiros da AMB, empresa responsável por um dos maiores escândalos empresariais da década de 1990. O quadro societário da AMB era formado pela coreana Kia e um grupo de brasileiros, responsáveis de fato pela gestão da empresa. A AMB foi beneficiada pelo regime automotivo dos anos 1990. Recebeu incentivos fiscais do regime automotivo na importação de utilitários coreanos -que no Brasil receberam o nome de Towner e Topic- em troca da construção de uma fábrica da Kia no Estado da Bahia, que nunca saiu do papel. Como a fábrica não foi construída, a Receita Federal inscreveu o incentivo na dívida com a União. Até o ano passado, o valor chegava a cerca de R$ 2 bilhões. A coreana e os empresários locais se desentenderam e travaram disputas judiciais, inclusive no exterior, para saber de quem seria a responsabilidade pela dívida. No ano passado, a Justiça reconheceu que a Kia não poderia ser cobrada pela dívida, pois teria sido enganada pelos sócios brasileiros, com Armênio Lopes à frente. INDÍCIOS Também em 2011, a Fazenda informou à Justiça Federal ter descoberto "fortes indícios de formação de grupo econômico" entre a hoje falida AMB e a CN Auto. O jargão significa, na prática, que o governo poderia cobrar da CN a dívida da AMB. O governo tenta até hoje, sem sucesso, recuperar o dinheiro, já que a AMB estava falida e a Kia não poderia ser responsabilizada. A Fazenda Nacional apurou que carros com o selo Towner e Topic voltaram a entrar no país, mas agora importados da China. A Fazenda descobriu, então, que as marcas ainda pertencem à AMB, mas foram cedidas à CN Auto. Armênio Lopes, que até hoje é dono da primeira, também aparece, com um filho, entre os sócios da segunda. INTENÇÕES O curioso é que a CN Auto planeja construir uma fábrica no Espirito Santo, esperando apenas o resultado do novo regime automotivo. Enquanto o programa federal não sai, a CN Auto assinou um protocolo de intenções com o governo do Espírito Santo, em que se compromete a investir R$ 250 milhões em troca de benefícios fiscais estaduais. A CN também aguarda a decisão da presidente Dilma Rousseff sobre o novo regime automotivo para tentar se beneficiar dele. A Fazenda Nacional já obteve na Justiça uma decisão que bloqueou a utilização das marcas Towner e Topic pela CN Auto. Mais do que isso, a Justiça determinou que essa empresa revele se firmou contrato com AMB. A decisão da Justiça é do fim do ano passado, mas até hoje as informações não foram prestadas. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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