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Agenda oficial liga empresário à CN Auto

Em maio de 2010, ex-ministro Miguel Jorge teria audiência com executivo de empresa que agora pede incentivo

CN Auto está na fila para receber benefícios do regime automotivo; executivo diz que sócio deixou a empresa

FELIPE SELIGMAN
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE BRASÍLIA

Uma agenda oficial do Ministério do Desenvolvimento desmente a versão da CN Auto de que não há ligações entre a empresa e o empresário Washington Armênio Lopes, da AMB (Asia Motors do Brasil), empresa apontada como responsável por um calote bilionário contra a Receita.

A Folha revelou ontem que a CN Auto está na fila pela concessão de benefícios fiscais do regime automotivo, que deve ser lançado em abril pelo governo, para construir uma fábrica de veículos no Espírito Santo. O governo do Estado já firmou um protocolo de intenções com a CN, que pode construir a unidade em Linhares.

Porém, a AMB está sendo cobrada pela Receita por uma dívida de R$ 2 bilhões por ter descumprido o acordo do regime automotivo dos anos 1990. A AMB havia se comprometido a montar uma indústria na Bahia, em troca de incentivos fiscais na importação de veículos.

Anteontem, procurada pela Folha, a CN Auto informou que não há participação de Lopes na empresa. Já a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional afirma que Lopes aparece no quadro societário tanto da AMB como da CN Auto. Assim, segundo o órgão, há "fortes indícios" de que elas formam um grupo econômico, o que permitiria à Receita cobrar a dívida da CN.

A ligação direta entre Lopes e a CN Auto é confirmada pela agenda oficial do ex-ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento, Industria e Comércio). A informação está no site do ministério.

Lopes aparece na lista dos compromissos que Miguel Jorge teria no dia 5 de maio de 2010. Naquele dia, a agenda do ministro previa que ele teria audiência, às 14h, com Lopes na condição de representante da CN Auto.

SAÍDA DEFINITIVA

Procurado novamente pela reportagem, o CEO (principal executivo) da CN Auto, Ricardo Strunz, afirmou ontem que, em maio de 2010, Lopes tinha participação de somente 3,8% na empresa.

Segundo Strunz, Lopes deixou de ser sócio da CN definitivamente em agosto daquele ano e, desde então, desligou-se. "Ele não tem nada a ver conosco", disse. Sobre a reunião com o ministro, Lopes pode ter se apresentado como representante da CN Auto porque ainda detinha a participação minoritária.

O grupo ligado à AMB, hoje falida, ainda enfrenta problemas na Justiça do Espírito Santo por sonegar tributos.

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