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Análise Bovinocultura

Há dúvidas se 2013 vai ser o ano da virada do ciclo pecuário

JOSÉ VICENTE FERRAZ
ESPECIAL PARA A FOLHA

A bovinocultura de corte é regida por um "ciclo pecuário" que, em última análise, determina a oferta de carne e, por consequência, também os preços do produto.

Esse ciclo de preços, em termos bastante simplificados, é consequência dos estímulos e desestímulos que o produtor recebe do mercado (lucros/prejuízos) para ampliar ou não a sua produção.

Especialmente no período entre os anos de 2005 e 2007, os pecuaristas receberam preços extremamente baixos que os levaram a não investir no aumento da produção. Pelo contrário, retiraram recursos da atividade, abatendo matrizes e reduzindo o rebanho.

Como consequência, a partir de 2008 os preços reagiram, iniciando um novo ciclo de alta que se encerraria em 2010 e deveria voltar a ser de baixa, mas ocorreu a grande crise econômica que deprimiu preços e adiou a recomposição da produção.

2011 foi um ano de preços bons para os pecuaristas e 2012, se não for tão bom quanto 2011, ainda assim vai ser acima da média. Então finalmente o ciclo vai voltar a ser de baixa em 2013?

Existem dúvidas decorrentes de dois aspectos. Mesmo com a economia mundial claudicante, o consumo de proteínas animais cresce vigorosamente.

Isso ocorre porque os países que mais sofrem com a crise são os relativamente mais ricos, onde os consumidores vão cortar por último os gastos com alimentos mais caros. Já os países mais pobres ainda crescem. Logo, os consumidores tendem a aumentar seus gastos com alimentos mais nobres e caros, como proteínas animais.

O outro ponto se refere à oferta global de carne. Mesmo que a oferta no Brasil aumente, em outros importantes produtores e exportadores, como Estados Unidos, Argentina e Austrália, as perspectivas são de oferta menor.

Isso, se confirmado, manteria aberta a possibilidade de voltarem a aumentar muito as exportações brasileiras. Com isso, os preços pagos aos pecuaristas se sustentariam ou cairiam pouco, mantendo-se ainda mais elevados que as médias históricas.

Isso adiaria mais uma vez a virada de ciclo para baixo, que se caracteriza por preços abaixo das médias históricas.

É claro que existem outros fatores que podem inibir exportações. Um deles é o comportamento do câmbio -que, se muito valorizado, roubaria competitividade das exportações.

Outro é o próprio desenrolar da crise econômica, que, se se agravar muito, até poderia abortar o crescimento do consumo.

De qualquer forma, a queda de preços que vier a ocorrer em 2013 tem boa probabilidade de ser menos aguda que em outras ocasiões.

Isso parece ser bom, pois baixas muito acentuadas acabam prejudicando fortemente a produção futura e, portanto, também provocam altas exageradas logo a seguir.

JOSÉ VICENTE FERRAZ é engenheiro-agrônomo e diretor técnico da Informa Economics FNP.

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