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BC começa a monitorar crédito de R$ 1.000

Medida entra em vigor em maio; antes, sistema acompanhava somente operações de empréstimo a partir de R$ 5.000

Maior supervisão das carteiras pode diminuir risco na concessão de financiamentos e reduzir juros, espera BC

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

O Banco Central confirmou para início em maio a ampliação do alcance do Sistema de Informações de Crédito para operações de empréstimo acima de R$ 1.000.

A Folha havia revelado a intenção do BC em adotar a medida em reportagem de julho do ano passado.

A mudança tem duas funções: exigir que as instituições bancárias tenham mais informações do pequeno tomador, segmento que mais contribuiu para a expansão do crédito no país, e permitir que o Banco Central tenha maior supervisão das operações de crédito.

Até agora, somente empréstimos acima de R$ 5.000 exigiam informações detalhadas do cliente, como faturamento, da microempresa, ou renda, das pessoas físicas.

A medida quadruplica o volume de dados no Sistema de Informações. São mais 155 milhões de operações e

R$ 166 bilhões em recursos. Com a medida, o BC passa a monitorar 96% das operações de crédito no país.

A expectativa do Banco Central é que a medida reduza os riscos de inadimplência e promova a redução do "spread" bancário -diferença entre a Selic, taxa básica usada nas operações interbancárias, e os juros cobrados do consumidor final.

MINIMIZAR O RISCO

Na opinião de Alexandre Tombini, presidente do BC, a medida anunciada ontem tem abrangência de uma minirreforma econômica.

"É uma medida forte para fazer que o sistema reduza de maneira importante o 'spread', principalmente no segmento de renda menor e das microempresas", disse.

O BC quer minimizar o risco de crédito com a democratização dos financiamentos no Brasil. O crédito pulou de 25% do PIB, em 2000, para quase 50%, em 2011.

O número de tomadores de empréstimos passou de 5,6 milhões, em 2003, para 29 milhões, em 2011. O total de contas bancárias saltou de 93 milhões, em 2006, para 121 milhões, no ano passado.

Esse acesso ao sistema financeiro resultou em mais calotes. A inadimplência de pessoas físicas cresceu de 5,7% para 7,4%, em 2011.

Segundo Murilo Portugal, presidente da Febraban, um terço da composição dos "spreads" resulta da provisão contra a inadimplência. Com maior controle dos tomadores, a tendência é que haja queda nesse indicador, com reflexo nos juros para tomadores finais a médio prazo.

Os representantes dos bancos saíram da reunião de ontem sem garantir prazos. Afirmaram somente que a medida "tende" a reduzir os juros.

"A expectativa é que isso [a queda dos 'spreads'] comece a ocorrer agora e continue ao longo do tempo. Quando [os juros vão cair] não tenho condições de dizer. Ninguém tem", disse Portugal.

Segundo a Febraban, não haverá aumento das tarifas devido à exigência de mais informações para o BC.

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