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Demanda alta por estaleiros preocupa, diz Graça Foster

Presidente da Petrobras lamenta a saída da Samsung do Atlântico Sul

Ao justificar lentidão no investimento em etanol, executiva afirma que estatal não entra
para perder dinheiro

DOS ENVIADOS AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

Graça Foster lamenta a saída da Samsung do estaleiro Atlântico Sul porque os sócios terão que buscar outro provedor, o que pode atrasar os projetos.

Mas não é só isso que tira o sono da presidente da Petrobras: "Todos os estaleiros me preocupam, até os que têm tradição, porque vão ficar lotados", afirmou, prevendo ainda que alguns novos ficarão pelo caminho.

(MARIA CRISTINA FRIAS, VALDO CRUZ e DENISE LUNA)

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Folha - Muito se fala do risco de os estaleiros aqui dentro não conseguirem cumprir os prazos de entrega de sondas para a estatal. Como resolver esse problema?

Graça Foster - As 40 sondas que teremos até o fim deste ano não foram feitas no Brasil e todas atrasaram. Se pegar o atraso de cada sonda, uma atrasou um mês, outra dois meses, e por aí vai.

Se somar tudo, atrasaram 36 meses nos últimos dois anos, com conteúdo local zero. Isso porque o mercado está muito aquecido.

Circula a informação de que a crise no estaleiro Atlântico Sul (PE) vai demandar uma intervenção da Petrobras no processo para garantir prazos.

Na verdade, não é uma intervenção da Petrobras. Tenho de saber onde vão ser construídas essas sondas.

Então, se algo não me dá a segurança de que objetivamente terei as sondas, a Petrobras age como uma cliente direta da Sete Brasil [empresa responsável pelos contratos para construção das sondas] e indireta do estaleiro.

Para a Petrobras, foi boa a saída da Samsung?

Não é possível fazer estaleiro sem um provedor de tecnologia e sem uma empresa que pode ou não ser a dona do projeto.

Eu lamento a saída da Samsung pelo fato de que outro vai ter que entrar para eu continuar acreditando que vai ser possível fazer a sonda.

E a senhora está com segurança nesse processo?

Quem tem de ter segurança nesse projeto é a Sete Brasil, que eu contratei e tem uma data para entregar a sonda. Vou cobrar dela, não me calarei, e cobrarei do estaleiro também, como tenho feito.

Eles estão buscando um novo sócio. Eu gostaria que tivesse tudo sido resolvido com aquele, não porque é a Samsung, tanto faz para mim, tem que ser um provedor de tecnologia experiente.

A Samsung é uma das maiores provedoras de sondas do mundo, muito bem, parabéns para ela, mas tem de gostar do Brasil.

Além do estaleiro Atlântico Sul, algum outro tira o seu sono?

Todos. Todos os estaleiros me preocupam, até aqueles que têm tradição. Você vai para Angra e há estaleiros que sabem fazer o projeto tecnológico, têm a gestão do estaleiro, mas esses estaleiros também me preocupam, porque a tendência é que cada vez mais tenham mais encomendas e fiquem lotados.

A presidente Dilma fala da necessidade de aumentar a produção de etanol. A Petrobras tem um programa já há alguns anos que não decolou. Vocês vão acelerar essa produção para equilibrar o consumo de gasolina no país?

Para nós, é bom ter etanol e ficar com menos exposição à gasolina. Agora, neste ano de 2012, assim como foi 2011, estamos sendo bastante punidos pelas próprias transações do mercado.

A Petrobras entra no mercado e o que estava valendo 10 vira 15. Por 15, não retorna meu capital empregado, então a gente não vai entrar de cabeça para perder dinheiro em hipótese alguma.

Isso é o que está segurando uma maior participação da Petrobras em etanol?

Isso. É uma sede muito grande de ir ao pote e achar que a gente vai entrar porque tem de entrar. Não vai entrar. Vai entrar porque é um negócio. Então, o etanol é importante para nós, para minimizar nossa exposição à paridade do preço internacional. O negócio é assim mesmo.

Então ficamos sem etanol...

Não estou dizendo isso, a Petrobras não desiste jamais. Se desistisse, não teríamos chegado aonde chegamos. É uma questão de balcão, de interação com o mercado.

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