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Greve em Jirau e Santo Antônio é mantida

Operários que trabalham na construção das duas hidrelétricas reivindicam reajuste de 30%; empresas propõem 5%

Justiça do Trabalho já declarou ilegais as duas paralisações; Polícia Civil vai investigar supostos crimes

FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO

Os trabalhadores das usinas de Jirau e de Santo Antônio, em construção no rio Madeira (RO), decidiram ontem continuar em greve.

Eles reivindicam reajuste salarial de 30%, diminuição da jornada de trabalho (de 44 para 40 horas), aumento da cesta básica e plano de saúde extensivo para toda a família, além de outros pontos.

Os operários recebem entre R$ 800 e R$ 1.400, diz o sindicato da categoria -os valores são iguais ou pouco acima do piso estadual.

Segundo o Sticcero (sindicato da construção civil), as empresas apresentaram até agora proposta para reajustar em 5% os salários e pagar os dias parados, mas os funcionários não aceitaram.

As obras, de empresas diferentes, fazem parte do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Em Jirau, a Camargo Corrêa tem a maior parte dos funcionários. Em Santo Antônio, o movimento atinge operários da Odebrecht. Juntas, as usinas abrigam em torno de 35 mil operários.

A Justiça do Trabalho já declarou as duas greves ilegais, estabelecendo multa ao sindicato. O vice-presidente do Sticcero, Altair Donizete de Oliveira, disse que a decisão da greve é dos trabalhadores.

A Folha visitou o canteiro de Jirau na sexta-feira, com representantes da Camargo Corrêa. A maioria dos trabalhadores ouvidos pela reportagem reclamou dos salários e disse que as horas extras não são pagas corretamente.

A Camargo Corrêa afirmou que paga salários acima do piso estadual e que remunera as horas extras de acordo com o controle de frequência de cada trabalhador.

A paralisação não é consensual. Alguns disseram que só voltarão caso a empresa negocie. Outros afirmaram que preferiam trabalhar.

Funcionários disseram que a greve iniciada há cerca de 20 dias foi "decretada" por um grupo armado com paus.

A Polícia Civil passou a investigar supostos crimes ocorridos durante as greves, como dano ao patrimônio, ameaças e cárcere privado.

O delegado Jeremias Mendes de Souza disse que identificou em Jirau líderes grevistas que ameaçaram operários que queriam trabalhar.

Depois do quebra-quebra que ocorreu no ano passado em Jirau, a polícia montou um "serviço de inteligência" nos dois canteiros de obras.

LAZER

Em Jirau, os funcionários passam o dia em frente aos alojamentos ou em áreas de lazer. Ficam na lanchonete, jogam futebol e assistem à TV.

Na sexta-feira, as salas audiovisuais mais concorridas eram as que transmitiam o filme "Duro de Matar" e a novela das 18h, da Globo.

Ônibus da Camargo Corrêa permitem a entrada e a saída do canteiro de obras. Jirau fica a 120 km do centro de Porto Velho. As obras estão paralisadas. Só funcionam serviços essenciais, como alimentação e segurança.

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