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Jornalismo na internet não pode ser reprodução do impresso, diz editora

Para jornalista da versão hispânica do 'Huffington Post', web tem muito a aprender com rádio

Rede precisa aprimorar relação entre reação do público e imediatismo, afirma a espanhola Montserrat Domínguez

SYLVIA COLOMBO
ENVIADA ESPECIAL A MADRI

"A internet tem muito a aprender com o rádio. O imediatismo e a reação do público são velhos conhecidos dos que trabalham com esse meio. A rede precisa aprimorar essa relação, e não reproduzir o jornal impresso", diz Montserrat Domínguez, 41.

A jornalista espanhola recebeu a Folha para entrevista no estúdio de "A Vivir que Son Dos Días", programa matutino líder de audiência que Domínguez apresenta aos fins de semana pela emissora Ser, sediada em Madri.

Montserrat acaba de aceitar o convite para comandar "El Huffington Post", versão hispânica do site de notícias e agregador de blogs criado em 2005 nos EUA por Arianna Huffington e Kenneth Lerer e que teve 37 milhões de visitas em janeiro deste ano.

Assim como o original norte-americano, o "El Huffington Post", que estreia em junho, reunirá conteúdos de diferentes publicações virtuais. Além disso, terá produção de material local, a cargo de uma equipe de oito jornalistas, com base na Espanha, e também colaborações de profissionais de outros países latino-americanos.

"É preciso ter claro que a Espanha e a América Latina hoje não são os EUA de 2005. Ou seja, temos de saber como interessar nossos leitores. Naquela época, algo como o 'Huffington Post' era uma novidade lá. Agora, muitos internautas daqui também já conhecem sua linguagem. É preciso trazer algo novo", diz.

A jornalista acrescenta que vai dar ênfase a assuntos que possam atrair toda a população que fala espanhol.

"Há coisas que são de interesse comum de todos esses países. Para ficar em alguns exemplos, a crise econômica que afeta a Europa e, por consequência, o outro lado do Atlântico. O populismo e o futuro da esquerda, que é parte do debate político em ambos os continentes."

BRASIL

Dominguez diz que prestará muita atenção no Brasil.

"É um lugar onde muita coisa está acontecendo e que está se integrando mais à região. É possível que queiramos traduzir coisas publicadas lá."

A jornalista conheceu Arianna Huffington no ano passado, quando esta visitou a Espanha para buscar parceiros para a ideia. Antes do atual programa, Domínguez trabalhou em outras rádios e TVs locais e na agência Efe.

Estudou jornalismo na Universidade Columbia, nos EUA. Também escreve uma coluna semanal no jornal "La Vanguardia", da Catalunha.

MODELO

"Estamos num momento de crise. O modelo que conhecíamos já não existe mais, mas o jornalismo segue vivo e cada vez mais necessário. O 'Huffington' é uma espécie de guia do que melhor há na rede. Hoje são muitos os meios digitais, o leitor é carente de orientação", afirma.

Para ela, os blogs que alimentarão o site não devem ser considerados jornalismo. "Exercem a função de comentar, analisar, interagir, até de corrigir. Mas o conteúdo jornalístico nós é quem temos de oferecer."

O Grupo Prisa, que edita o jornal "El País" e a quem a emissora Ser pertence, terá 50% do "El Huffington Post" (os outros 50% serão de Arianna), mas Dominguez afirma que a liberdade editorial é total.

"Um projeto desses não pode ser dependente de ninguém. O espírito dele é a liberdade." Porém, ela afirma que haverá muita interação com os outros "Huffington Posts" -já existem versões no Reino Unido, França e no Canadá, e em negociação em outros países, como o Brasil.

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