Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Análise País ainda não fez lição de casa para reduzir o 'custo Brasil' COM MENOR TRIBUTAÇÃO, O BRASIL SÓ TERIA A GANHAR AO TORNAR-SE COMPETITIVO MAUCIR FREGONESI JUNIORESPECIAL PARA A FOLHA A valorização do real ante o dólar tem sido posta como a principal vilã da competitividade do produto industrializado brasileiro. Mas a questão não é nem de longe o único fator a contribuir para a dificuldade da empresa brasileira de concorrer com as estrangeiras. O produto industrializado brasileiro tem alto custo de produção, o que torna o preço final pouco competitivo. Basta comparar qualquer produto nacional com seu similar estrangeiro. A diferença de preço entre um e outro supera, muitas vezes, a casa dos 150%. Caso de produtos têxteis, calçados e da maioria dos produtos acabados. É o famoso "custo Brasil". Uma empresa precisa ter em mente que, para precificar seu produto e obter lucro, ainda que pequeno, terá que lidar com deficiência e ineficiência de nossa infraestrutura, com logística e energia insuficientes para a demanda, com falta de mão de obra qualificada, matéria-prima custosa e ainda o oneroso e complexo sistema tributário, principal inimigo à competitividade dos nacionais. A lista é grande dos tributos que oneram a pessoa jurídica: há incidentes sobre a renda (IRPJ e CSLL), sobre a receita bruta (PIS e Cofins) e pesados tributos sobre a folha de pagamentos (a contribuição social patronal, as chamadas contribuições de terceiros e o FAP). Na fabricação e na comercialização de produtos, há ainda o IPI, de ordem federal, e o ICMS, de ordem estadual. E esses são só os tributos básicos. Pois, dependendo do ramo de atuação e do tipo de produto, há inúmeros outros tributos e taxas, podendo chegar à casa das dezenas, trazendo ao produto brasileiro aumento de quase 50% em comparação ao estrangeiro. Para solucionar isso, a esperada reforma tributária, já há 15 anos em trâmite, precisaria sair imediatamente. O governo federal tem tomado medidas, ainda que tímidas, como a prorrogação da redução do IPI para os produtos da linha branca e o anúncio de alíquotas zero sobre toda a linha de móveis e de laminados (pisos). São boas notícias. Mas falta a visão de que, com custos de tributação e produção menores em tempo integral, o Brasil só teria a ganhar ao tornar-se verdadeiramente um país competitivo, com uma produção forte e caminhando a passos muito maiores dos que os atuais. Em vez de assistir ao fim de grandes indústrias em setores importantes da economia brasileira, como é o têxtil. A China já fez sua lição de casa... Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |