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Proposta da Camargo Corrêa pela Cimpor pode chegar a R$ 3,4 bilhões

Agravamento da crise em Portugal ajuda grupo brasileiro em nova ofensiva sobre cimenteira

Sociedade entre a empresa brasileira e a Votorantim na companhia portuguesa pode levar a restrições

AGNALDO BRITO
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

O Grupo Camargo Corrêa apresentou ontem uma Oferta Pública para Aquisição de Ações (OPA), em Portugal, para assumir o controle da Cimpor (Cimenteira de Portugal).

A Folha apurou que, se todos os acionistas aceitarem a proposta da Camargo Corrêia, o negócio chegará a 1,5 bilhão (cerca de R$ 3,64 bilhões). A oferta prevê o pagamento de 5,5 por ação (R$ 13,40).

A oferta também vale para a Votorantim, que detém 21,9% de participação na companhia portuguesa.

As ações da Cimpor no mercado de capitais português reagiram bem ao negócio. Ontem, os papéis da companhia tiveram alta de 1,44% e chegaram a 5 por ação (R$ 12,20), abaixo da proposta da Camargo.

Após o anúncio, a Caixa Geral de Depósitos informou que venderá sua participação de 9,58% na Cimpor ao grupo brasileiro.

Além da Caixa Geral de Depósitos, Camargo Corrêa e Votorantim, a Cimpor tem outros grupos de acionistas. Entre eles estão Manuel Fino (10,7%), o Fundo de Pensão do BCP (10%) e um grupo pulverizado de pequenos acionistas (15,6%).

Em 2009, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) tentou levar adiante uma operação similar à da Camargo, mas não obteve sucesso.

Na ocasião, a própria Camargo comprou participações na Cimpor de outros dois acionistas, Duarte Teixeira e a francesa Lafarge.

CRISE EUROPEIA

O que deve dar força ao novo lance da Camargo sobre a Cimpor é o agravamento da crise econômica em Portugal.

A Folha apurou que o governo português já determinou às empresas nas quais tem participação que vendam suas posições para cumprir compromissos financeiros junto à União Europeia.

Por isso, a Caixa Geral de Depósitos -similar à Caixa Econômica Federal no Brasil- foi a primeira a fechar negócio com a Camargo.

O banco português também está se desfazendo de sua participação na Portugal Telecom, companhia na qual é um dos principais acionistas, com 6,23% das ações.

Especula-se que estaria negociando com a Deutsche Telecom. As companhias envolvidas não comentam.

RISCO

A ofensiva da Camargo sobre a Cimpor em Portugal tem efeitos no Brasil, onde a empresa é sócia, junto com a Votorantim, da Cimpor Brasil.

No passado, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) já impôs barreiras ao negócio pelo risco de concentração de mercado.

Analistas acreditam que a oferta em Portugal pode sinalizar uma solução no Brasil.

"É possível que elas [Camargo e Votorantim] venham a acertar uma troca de ativos", disse Tzu-Wing Yee, corretor da CM-CIC Securities, em Londres, especialista no mercado brasileiro.

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