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Corte de jornada deixa apreensivo operário da Foxconn

Trabalhadores chineses acostumados a 60 horas extras ao mês temem perda salarial com concessão trabalhista

Fornecedora da Apple é das que mais empregam migrante rural; redução de carga de trabalho ocorreu após críticas

DA REUTERS, EM LONGHUA (CHINA)

Quando a operária chinesa Wu Jun soube que seu empregador, a gigante da produção terceirizada de eletrônicos Foxconn, havia feito concessões históricas aos trabalhadores, a reação não foi de triunfo, mas de preocupação.

Wu, 23 anos, é uma entre dezenas de milhares de migrantes de regiões rurais pobres da China que operam as linhas de produção da fábrica da Foxconn em Longhua, sul do país, que monta produto por encomenda para Apple e outras multinacionais.

As concessões da Foxconn, entre as quais a redução nas horas extras para 1,2 milhão de funcionários na China, sem redução de renda, foram apoiadas pela Apple, que enfrenta críticas por falhas na segurança do trabalho e por uso de operários mal pagos para produzir celulares, computadores e outros aparelhos de alto preço.

Mas, nos portões da fábrica da Foxconn, muitos operários não pareciam convencidos de que o corte nas horas trabalhadas não resultará em queda de salário.

ESTRANHAMENTO

Para alguns operários chineses, que obtêm a maior parte da renda com longos períodos de horas extras, a ideia de trabalhar menos e ganhar o mesmo não parece natural.

"Estamos preocupados com a possibilidade de receber menos. É evidente que, se trabalhar menos horas extras, significa menos dinheiro", diz Wu, originária da província de Hunan, sul do país.

A Foxconn anunciou que reduzirá sua jornada semanal de trabalho para 49 horas, incluindo as extras.

"Estamos aqui para trabalhar, não brincar, e por isso nosso salário é muito importante", diz Chen Yanei, 25, operária da fábrica da Foxconn há quatro anos e também oriunda de Hunan.

"Fomos informados de que só poderemos fazer um máximo de 36 horas extras ao mês. Posso dizer que muita gente não gostou. Para nós, 60 horas extras ao mês são razoáveis, e 36, muito pouco."

Chen diz receber hoje um salário mensal de pouco mais de 4.000 yuans (ou R$ 1.156).

A Foxconn é um dos maiores empregadores dos 153 milhões de trabalhadores rurais chineses que trabalham longe de suas regiões de origem.

Comparadas às instalações de empresas locais, dizem os operários, suas fábricas são mais limpas e seguras.

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