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Polícia reage contra operários da usina de Belo Monte

PMs usam spray de pimenta e bombas de gás no conflito, que ocorre 4 dias após paralisação parcial da obra

AGUIRRE TALENTO
DE BELÉM
FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO

No mesmo dia em que funcionários das obras nas usinas de Jirau e de Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, decidiram voltar ao trabalho, houve confronto entre operários e policiais militares em Belo Monte (PA).

O conflito ocorreu quatro dias após a obra ser parcialmente paralisada por reivindicações trabalhistas.

Depois de um atraso no começo do pagamento dos operários, em Altamira (a 900 quilômetros da capital Belém), a Polícia Militar foi acionada para conter um empurra-empurra no local.

Os policiais usaram bombas de gás e spray de pimenta para reprimir os trabalhadores, de acordo com integrantes do Movimento Xingu Vivo e da central sindical Conlutas, ligada ao PSTU.

A Secretaria de Segurança Pública do Pará definiu a situação como "princípio de tumulto". Um trabalhador chegou a ser detido, mas foi liberado horas depois.

A confusão não teve relação direta com a paralisação, mas os ânimos estão acirrados na região desde a quinta-feira passada, quando metade dos 7.000 operários da obra cruzou os braços.

No dia seguinte, o CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte) afirmou que só um canteiro permanecia parado.

O consórcio disse que não havia expediente ontem por ser dia de pagamento e que só hoje poderia avaliar se a paralisação continuaria.

O Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada) está convocando os operários a voltar, mas uma comissão da Conlutas chegou anteontem a Altamira e passou a dar apoio aos grevistas.

Eles cobram equiparação salarial entre quem tem a mesma função, aumento no vale-alimentação, redução do intervalo entre as folgas para visitar as famílias e melhoria nos transportes. A hidrelétrica de Belo Monte está sendo erguida no rio Xingu, Pará.

JIRAU E SANTO ANTÔNIO

As atividades de Jirau e de Santo Antônio começaram a voltar ao normal durante a manhã e a tarde de ontem.

A maioria dos operários aceitou o acordo fechado na sexta-feira entre sindicato e empresas. O acerto prevê reajuste de 7% para quem ganha até R$ 1.500 e aumento da cesta básica -de R$ 170 para R$ 220.

Jirau ficou parada por 24 dias, e Santo Antônio, por 12 dias. A Justiça do Trabalho declarou as greves ilegais no início do movimento. Assim, caso sejam aplicadas as multas por descumprimento de decisão judicial, o Sticcero (sindicato da construção civil de Rondônia) terá de pagar R$ 5,4 milhões. O sindicato recorre das decisões.

O secretário de Segurança de Rondônia, Marcelo Bessa, disse que o único incidente ontem nas usinas ocorreu na assembleia de Jirau, quando três operários foram atingidos por pedras. Os autores não foram identificados.

Ainda não há prazo para a Força Nacional de Segurança deixar os canteiros de obras, segundo Bessa.

Outra usina hidrelétrica em construção, Teles Pires, na divisa entre Mato Grosso e Pará, continua com obras paralisadas em razão de decisão judicial.

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