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Análise Agricultura

Nem produtividade recorde salva os estoques de soja dos Estados Unidos

FERNANDO MURARO JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA

Que a área plantada com milho teria um grande avanço na safra 2012/13 dos EUA não era novidade. Surpreendeu, porém, o tamanho do aumento indicado no dia 30 pelo Departamento de Agricultura dos EUA (Usda).

Segundo o órgão, o cereal terá um incremento anual de 1,6 milhão de hectares, chegando a 38,8 milhões -maior área desde 1937. A soja, em contrapartida, perde pouco mais de 400 mil hectares, recuando para 29,9 milhões, menor área desde 2007.

Apesar das vantagens do milho na briga por espaço, como estoques mais baixos e preços mais atraentes no final do ano passado (quando se definiu, em boa medida, a intenção de plantio), esperava-se que a soja não perdesse tanto terreno.

Afinal, seus preços na Bolsa de Chicago tiveram um salto de mais de 20% desde o início de 2012, enquanto as cotações do milho ficaram mais ou menos estáveis. Acreditava-se, por isso, que parte dos produtores refaria os planos.

Os números do Usda serão revisados no fim de junho, quando o plantio já estiver praticamente concluído, e podem mudar bastante até lá, especialmente se houver dificuldades climáticas na semeadura do milho, que começa antes.

Até agora, porém, os produtores não têm do que reclamar, já que as temperaturas acima da média em março estimularam a antecipação do plantio do cereal. Se as condições favoráveis persistirem em abril, será difícil convencê-los a cultivar mais soja do que o inicialmente planejado. Por isso, o cenário que se desenha é de escassez.

Se confirmada a área do Usda, e levando em conta produtividade de 49,2 sacas de 60 quilos por hectare (que é a linha de tendência de 20 anos), os EUA produziriam 87,2 milhões de toneladas de soja. É mais que os 83,2 milhões de 2011/12, quando houve redução na área plantada e na produtividade.

Mas, como a expectativa é que a demanda pela soja dos EUA cresça devido à quebra de safra na América do Sul, haverá grande pressão sobre os estoques norte-americanos. Com base nos números do Usda, os estoques no fim da temporada 2012/13 seriam suficientes para somente 18 dias de consumo, bem abaixo dos 33 dias de 2011/12, que já não são altos.

Mesmo com um incremento de 3% na produtividade, que alcançaria recordes 50,7 sacas, os estoques ficariam em 28 dias. Isso significa que os EUA precisam de clima perfeito para garantir uma safra que não permita o esvaziamento de seus armazéns.

Não por acaso as cotações do grão na Bolsa de Chicago dispararam quando saíram os números do Usda. Bom para os produtores brasileiros, que podem contar com um movimento de alta justamente no pico de nossa colheita, quando a entrada de produto novo no mercado normalmente pressiona os preços.

FERNANDO MURARO JR. é engenheiro-agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas
(www.AgRural.com.br)

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