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Sob pressão de Dilma, BB diminui juros

Objetivo do governo é estimular bancos privados a também reduzir taxas para estimular a atividade econômica

Investidores reagem mal, e ações caem 5,91%; instituição financeira diz que vai ganhar novos clientes

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Pressionado pela presidente Dilma Rousseff, o Banco do Brasil fez uma redução agressiva nos juros e elevou os limites de várias linhas de crédito para empresas e consumidores com o objetivo de acirrar concorrência com Itaú, Bradesco e Santander e estimular a economia.

Sozinho, o BB promete "despejar" no país R$ 43,1 bilhões em empréstimos -R$ 26,8 bilhões para micro e pequenas empresas e R$ 16,3 bilhões para pessoa física, segmentos com maior dificuldade para conseguir juro baixo em bancos privados.

O banco baixou os juros do "crédito rotativo" do cartão, cujo teto era 13,62%, para 3% ao mês para os clientes de outros bancos que levarem sua conta-salário para o BB.

Entre outras linhas, os juros para compra de veículos, que variavam de 1,24% a 3,75% ao mês, estão entre 0,99% e 2,65%. O crediário para compra de bens de consumo desceu da faixa entre 2,26% e 4% para 1,6% a 1,98%.

"Queremos ser os pioneiros de uma nova realidade de relacionamento com os clientes", disse Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente do BB, referindo-se ao cenário de juros de um dígito. A taxa básica Selic está em 9,75%.

A ação lembra a atuação dos bancos públicos entre 2008 e o início de 2009, auge da crise global, quando os bancos privados reduziram a oferta de crédito temendo o aumento da inadimplência.

À época, BB e Caixa Econômica Federal sustentaram boa parte do financiamento ao consumo e aumentaram suas participações de mercado nos empréstimos.

Os bancos privados criticaram na ocasião os concorrentes públicos com o argumento de que eles podiam se dar ao luxo de arriscar mais porque tinham garantia de socorro governamental.

REAÇÃO RUIM

A reação do mercado ontem foi ruim. As ações do BB tiveram baixa de 5,91%, com os investidores vendo aumento da interferência política.

"Respondemos a isso dizendo que vamos aumentar o número de clientes e o volume de empréstimos. Em 2009, quando emprestamos na crise, as ações caíram, mas isso foi decisivo para aumentar nossa participação de mercado", disse Caffarelli.

Bradesco e Itaú afirmaram que avaliam o assunto. O Santander disse, por nota, que vem reduzindo as taxas para "oferecer os preços mais competitivos" do mercado.

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