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Voos nos EUA testam controle por satélite

Sistema pode substituir o controle de tráfego aéreo por radar e será empregado no aeroporto de Seattle em junho

Aviões equipados com essa tecnologia reduzem rota de aproximação e tempo de espera para o pouso

JAD MOUAWAD
DO “NEW YORK TIMES”

O capitão Mike Adams demonstrou como será o futuro nos aeroportos norte-americanos ao se afastar dos controles do simulador de voo de um Boeing-737, deixando os motores em ponto morto e permitindo que o avião planasse em velocidade de cruzeiro até o pouso.

A partir de junho, será exatamente isso que os voos da Alaska Airlines farão quando a companhia aérea começar a testar o uso de tecnologia via satélite para pousos no Aeroporto Internacional de Seattle-Tacoma -na esperança de economizar combustível e reduzir atrasos.

A Alaska Airlines, uma das menores companhias aéreas dos EstUA, vem dando os passos mais largos para adotar a tecnologia e quer demonstrar que ela também pode funcionar em aeroportos grandes, disse o capitão Adams, piloto-chefe da empresa.

Os aviões equipados com a nova tecnologia reduzirão em 50 quilômetros seu percurso de aproximação ao aeroporto, voando em rota mais direta para a cabeceira da pista. Não terão mais de circular sobre o aeroporto esperando autorização para pouso.

E os pilotos não terão de acelerar e desacelerar para manter a altitude quando iniciam sua descida.

"A técnica permite uso muito melhor do espaço aéreo. Melhora a eficiência e reduz o congestionamento", disse o capitão Adams.

A experiência em Seattle será um dos primeiros usos mais amplos da tecnologia de orientação por satélite.

Substituir o sistema de controle de tráfego aéreo por radar, do qual os aeroportos norte-americanos dependem desde os anos 40, é uma empreitada cara. De acordo com uma estimativa oficial do governo, o preço pode atingir os US$ 42 bilhões até 2025.

Mas a agência encarregada do programa, a Administração Federal da Aviação (FAA), vêm sendo prejudicada por disputas políticas que a deixaram desprovida de um orçamento firme já há cinco anos para o programa, conhecido como Next Generation Air Transportation System, ou NextGen.

Uma auditoria do governo constatou em fevereiro que metade dos 30 contratos essenciais para construir o novo sistema estavam atrasados, e que mais de um terço deles estourou o orçamento.

QUEIXA

As companhias aéreas se queixam de que a FAA demorou a criar novos procedimentos de pouso que aproveitem ao máximo a orientação via satélite. Criar esses procedimentos demora entre cinco e dez anos, devido aos demorados estudos de impacto ambiental e de ruído.

A agência aprovou testes usando pousos orientados por satélite em Phoenix, e outras experiências estão programadas para este ano em Washington, Atlanta, Charlotte e Dallas.

Dado o crescimento no tráfego aéreo, as companhias de aviação e as autoridades regulatórias dizem que há necessidade urgente de modernizar o sistema de controle.

A FAA projeta que o número de aviões operados por companhias domésticas norte-americanas vai dobrar nas próximas duas décadas, e o número de passageiros nas rotas domésticas atingirá 1 bilhão em 2024, ante 732 milhões no ano passado.

O radar provou ser um sistema confiável. Mas os controladores de tráfego aéreo só identificam a posição precisa dos aviões uma vez a cada seis segundos, o período de varredura do radar.

Para compensar, mantêm intervalos largos entre os aviões. O uso do satélite permitirá que os aviões voem mais próximos uns dos outros, pois a localização será transmitida com mais precisão.

MENOS COMBUSTÍVEL

Para as companhias de aviação, isso pode representar economia significativa de combustível. A FAA estimou que as empresas que utilizam o aeroporto internacional de Atlanta poderiam voar 2 milhões de quilômetros a menos por ano, o que resultaria em economia de mais de 11 milhões de litros de combustível ao ano, e permitiria mais dez decolagens por hora.

Mas o projeto NextGen também sofreu atrasos devido a desacordos entre as companhias de aviação e as autoridades regulatórias federais sobre quem bancaria o custo do projeto. Equipar um avião com um sistema GPS custa mais de US$ 340 mil.

Tradução de PAULO MIGLIACCI.

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