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Troca de emprego se acentua no Brasil

Soma de contratações e demissões atinge pico de 116 para cada 100 trabalhadores ocupados em 2010, diz IPEA

Estudo indica que avanço da renda e expansão do setor de serviços contribuíram para maior rotatividade

PEDRO SOARES
EM SÃO PAULO

Com o avanço da renda do brasileiro nos últimos anos, o consumo sofisticou-se e o setor de serviços ganhou peso na economia. Um reflexo desse movimento foi o crescimento da rotatividade do mercado de trabalho, já que empregados de restaurantes, hotéis, empresas de telemarketing, informática, telefonia e outras têm trocado de trabalho mais rapidamente.

Segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), contribui para isso uma mudança de "cara" dos empregadores com a expansão dos serviços, concentrados mais em empresas menores. Essas firmas demitem e contratam com mais velocidade -às vezes, como forma de reduzir custos.

Carlos Henrique Corseuil, do Ipea, ressalta que a causa da rotatividade poderia, em tese, ser a alteração do perfil dos empregados, mas jovens e pessoas com baixa escolaridade -que tendem a trocar mais de emprego- perdem espaço na força de trabalho.

Segundo o estudo, a soma de todas as contratações e demissões representava 89,2% da força de trabalho formal do país (dados do Ministério do Trabalho) na média de 1996 a 2000. Passou para 106,2% na de 2006 e 2010.

Ou seja, a cada 100 trabalhadores que estavam empregados, ocorreram 106 admissões e desligamentos no intervalo de um ano. Em 2010, esse giro no mercado de trabalho chegou ao pico de 116 para grupo de 100 ocupados.

A maior rotatividade acompanha quase que de modo constante o aumento do rendimento -que proporciona o maior consumo de serviços.

Para Altamiro Carvalho, economista da Fecomercio-SP, "a migração de uma grande camada da população para 'nova' classe média permitiu o acesso e diversificou o consumo". Entraram na "cesta de compras" de muitas famílias serviços de comunicação, turismo, alimentação fora de casa e outros.

"Há uma procura por profissionais mais qualificados muito acirrada entre as empresas do setor de serviços para atender melhor, o que impulsiona a rotatividade e aumenta os salários."

Tal tendência, afirma Carvalho, persistiu em 2011 e deve se repetir neste ano, a menos que a crise europeia se agrave muito, aumente o desemprego, contraia a renda e reprima o consumo.

RENDA

Segundo levantamento da Folha com base em dados do IBGE, a renda no setor de serviços cresceu 3,4% na média de 2010 e 2011, nas principais metrópoles, enquanto na indústria avançou só 0,4%.

"Há uma superdemanda e as pessoas recebem propostas para ganhar mais. Empresas de alguns segmentos tiveram de dar reajustes de até 15% para reter profissionais", diz Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes.

Quando uma economia fica mais madura e supera a renda per capita de US$ 10 mil, diz, há um aumento gradual do consumo de serviços.

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