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Finanças Pessoais

MARCIA DESSEN marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Poupança: 'patinho feio' brilha e deixa concorrentes para trás

O Copom cortou a taxa de juros, que se encontra agora no patamar de 9,75% ao ano. Esse corte já era esperado e reacendeu a discussão em torno de um assunto que incomoda gregos e troianos.

Incomoda o governo, que precisará rever as regras atuais da poupança caso precise manter o ritmo de redução da taxa de juros da economia.

E incomoda os investidores, que vêem a rentabilidade de suas aplicações cada vez menor, com algumas modalidades perdendo para a modesta poupança.

Se novo corte for feito, como é esperado, aumentará ainda mais a competitividade da poupança em relação a outras alternativas de investimento.

A explicação por detrás disso tudo reside no fato de a poupança assegurar uma taxa de juros fixa de 0,5% ao mês mais a variação da TR. Sem Imposto de Renda!

Os rendimentos da poupança são isentos do IR para pessoas físicas, enquanto os rendimentos pagos por títulos públicos, CDBs e fundos de investimento, por exemplo, estão sujeitos ao pagamento desse imposto.

Sem contar que a poupança é um dos poucos investimentos que não geram custo para o investidor. Não há taxas, corretagens, desconto na cotação que reduza a rentabilidade do investidor. Bom e barato!

Extremamente democrática, a rentabilidade da poupança é paga para qualquer pessoa, independentemente do valor depositado. O investidor não precisa negociar taxas, condições ou custos com ninguém.

As condições de liquidez -o dinheiro pode ser sacado a qualquer momento- também estão asseguradas. O risco da operação é representado pela possibilidade de ocorrer a inadimplência do banco onde o dinheiro está depositado.

Para reduzir esse risco, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) garante até R$ 70 mil por depositante. Toda essa simplicidade operacional -risco reduzido e não ter de pagar IR- atrai milhares de poupadores, grandes e pequenos.

SIMULAÇÕES

Vamos fazer algumas simulações para estimar a rentabilidade líquida de algumas alternativas de investimento, depois de descontar os custos e o IR, e comparar com a rentabilidade da poupança.

Para nosso exercício, os cálculos foram simplificados e assumimos as seguintes premissas: 1) aplicações que acompanham a flutuação da taxa de mercado; 2) dois cenários de taxas de juros, 9,75% e 9% ao ano; 3) rentabilidade da poupança de 6,17% ao ano (TR zero); 4) prazo de um ano; 5) IR de 20%.

No patamar atual de 9,75% ao ano da taxa de juros (cenário 1), a rentabilidade líquida da poupança, de 6,17% ao ano, praticamente empata com a opção do CDB cotado a 80% da taxa DI. E ganha dos fundos referenciados DI com taxa de administração a partir de 2% ao ano.

Se a taxa Selic receber novo corte e atingir 9% ao ano (cenário 2), a rentabilidade líquida da poupança ganha das operações de CDB DI cotados a 85% da taxa DI ou menos. Ganha também com folga dos fundos DI que cobram taxa de administração a partir de 2% ao ano.

A rentabilidade de títulos públicos via Tesouro Direto continua competitiva em ambos os cenários, considerando operar com custos (de corretagem e taxa de custódia) relativamente baixos.

O investidor pagará sempre uma taxa de 0,1% sobre o valor da operação mais uma taxa de custódia equivalente a 0,3% ao ano, cobrada pela BM&FBovespa. Essas duas taxas são inegociáveis.

Adicionalmente, pagará uma taxa de serviço cobrada pelas corretoras, que pode variar de 0% a 0,5%, conforme ranking dos agentes de custódia publicado pelo Tesouro Direto.

O exercício e os números demonstrados nas tabelas deixam clara a importância da gestão dos custos nas operações de investimento. Nunca deixou de ser importante.

Mas, agora, com a taxa de juros abaixo de 10% ao ano, não dá mais para ignorar, fazer de conta que não é com você, que não há nada que você possa fazer além de lamentar a queda da rentabilidade de seus investimentos.

Pesquise, acompanhe o mercado, se informe, pergunte. Proteja o seu patrimônio.

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