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Commodities

Usinas vão perder R$ 5 bi com a seca em canaviais

Estimativa de colheita cai de 550 milhões para 509 milhões de toneladas

Clima e safra curta, porém, devem melhorar a qualidade da cana, que terá maior teor de açúcar por tonelada

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

A seca voltou a castigar as lavouras de cana neste início de ano e deve provocar uma perda de receita de R$ 5 bilhões para as usinas na safra 2012/13, que começa a ser processada neste mês.

A estimativa é de Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Segundo ele, o centro-sul, responsável por 90% da produção nacional, tinha potencial para colher 550 milhões de toneladas.

"Mas a nossa estimativa foi caindo aos poucos com o veranico de fevereiro e março, até chegar aos 509 milhões de toneladas atuais", disse.

As usinas deixarão de faturar R$ 5 bilhões por causa dos 41 milhões de toneladas de cana que foram "perdidos" por conta da seca.

A primeira estimativa oficial da Unica para a safra, divulgada ontem, aponta uma produção 3% maior do que a verificada na safra anterior, de 493 milhões de toneladas.

A expansão deve-se exclusivamente à maior área disponível para colheita, que também aumentou 3% graças às participações de Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais -não há nova área em São Paulo, o maior produtor.

As usinas investiram na renovação dos canaviais, mas o crescimento de 38% no plantio ainda não será revertido em maior produtividade.

O rendimento deve permanecer ao redor de 68,7 toneladas de cana por hectare.

O plantio da cana de corte em 18 meses, mais produtiva, foi prejudicado pelos problemas climáticos, pois ocorre entre janeiro e abril.

Mesmo assim, os canaviais voltaram ao índice histórico de renovação de 20%, ante os 12% da safra passada.

MAIS ETANOL

A qualidade da cana, no entanto, deve melhorar. Também por causa do clima, esta safra não deve enfrentar o florescimento excessivo, que reduz o teor de açúcar na cana.

Com maior quantidade de açúcar por tonelada, também ocasionada pela concentração da moagem em menor período de tempo, as usinas devem aumentar a produção de açúcar em 5,7%, para 33,1 milhões de toneladas. "Muitas usinas que só produziam álcool passarão a fazer também açúcar para sobreviver, pois o preço do álcool não paga os custos", diz Padua.

Os consumidores também devem contar com mais etanol, que deve ter uma produção 4,6% maior nesta safra.

O álcool hidratado deve apresentar o maior crescimento, de 11%, e atingir 14,5 bilhões de litros. Já a produção de álcool anidro deve cair 6,9%, para 6,9 bilhões.

As estimativas refletem a redução do percentual de mistura de etanol anidro na gasolina para 20%, ante os 25% vigentes até outubro.

Como a frota de veículos flex deve crescer 7% -menos que a oferta-, Padua espera que mais carros possam ser abastecidos com álcool. Hoje, a produção atende só a 35% da frota flex.

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