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Análise / Inflação

É boa a perspectiva para os preços de alimentos no Brasil

COM O BAIXO CRESCIMENTO DA DEMANDA MUNDIAL, A TENDÊNCIA É DE QUEDA

PAULO PICCHETTI
ESPECIAL PARA A FOLHA

A integração do Brasil aos principais mercados de commodities agropecuárias no mundo pode ser avaliada em termos da relação entre a evolução das variações de preços desses produtos dentro e fora do país.

De maneira agregada, consideramos como o indicador dos preços internos o componente de produtos agropecuários dentro do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), calculado mensalmente pela Fundação Getulio Vargas.

Como indicador de preços no mercado externo, destacamos o Índice de Preços de Alimentos calculado mensalmente pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

A fim de filtrar as informações de variações de curto prazo das duas séries, consideramos a evolução das variações acumuladas em uma média móvel de 12 meses ante o mesmo período do ano anterior, conforme mostra o gráfico abaixo.

A partir do início do período de estabilidade de preços desses produtos no Brasil (depois de 2004), a relação entre as variações acumuladas entre preços internos e externos de alimentos se torna evidente, caracterizada por uma volatilidade maior dos preços externos, cujos pontos de inflexão antecedem os da série de preços internos.

A desaceleração da economia mundial ao longo do ano passado fez com que as variações acumuladas dos preços de alimentos começassem a cair a partir do auge (de 30,7%) em agosto de 2011, enquanto no Brasil esse pico (que foi de 22,3%) foi verificado um mês depois.

Os dados mais recentes disponíveis são de março deste ano, mostrando que a estabilidade desses indicadores a partir do fim de 2011 vem causando quedas significativas nos valores acumulados em 12 meses, que agora se encontram em patamares muito semelhantes: 11,4% para os preços externos e 11% para os preços internos.

Esse desempenho vem ajudando o comportamento dos preços dos alimentos no varejo. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S) da FGV, as variações acumuladas em 12 meses do grupo alimentação, que chegaram a 8% em outubro de 2011, recuaram para 6,5% em março passado.

Dessa forma, ao contrário dos períodos entre 2006 e 2008 e entre 2010 e meados de 2011, é favorável a perspectiva do impacto das variações de preços dos alimentos sobre a inflação no Brasil.

Impactos pontuais decorrentes de efeitos sazonais e problemas localizados de oferta sempre acarretam volatilidade nos preços do grupo alimentação.

Mas a tendência, pelo menos a médio prazo, seguindo o esperado baixo crescimento da demanda mundial, é de queda nas variações acumuladas.

PAULO PICCHETTI, doutor em economia pela Universidade de Illinois (EUA), é professor da EESP/FGV e coordenador do IPC-S/Ibre/FGV.

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