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Commodities

EUA ajudam no saldo da balança de carne

Com o ritmo mais acelerado das compras pelos norte-americanos, exportações de industrializados sobem 13,9%

Resultado compensa parte da queda de 5,7% nos embarques de "in natura"; Brasil espera abertura de mercado

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

Puxado pela retomada do comércio com os EUA, o mercado de industrializados evitou uma queda significativa nas exportações de carne bovina no primeiro trimestre.

Entre janeiro e março, o país exportou US$ 1,22 bilhão em carne, queda de 0,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Em volume, a retração foi maior, de 2,2%.

Principal negócio dos frigoríficos brasileiros, o mercado de carne "in natura" sofreu com as menores compras de Rússia (-12,7%), União Europeia (-7,4%) e Irã (-92,8%).

O comércio com a Rússia segue ligeiramente abalado pela imposição de barreiras e, no caso da zona do euro, a crise influencia as vendas.

No caso do Irã, o problema é político. "Com o agravamento das sanções internacionais, o Irã parou de emitir licenças para importação", diz Antonio Camardelli, presidente da Abiec (associação dos exportadores de carne).

A redução é drástica: as exportações para o país caíram de US$ 207,8 milhões, no primeiro trimestre de 2011, para US$ 14,9 milhões, o que levou os iranianos do segundo ao 19º lugar entre os maiores importadores brasileiros.

A consequência é uma queda de 5,7% nas exportações de carne "in natura", para US$ 912,4 milhões. O tombo só não foi maior porque as indústrias aproveitaram oportunidades em outros países.

O Chile, por exemplo, foi uma surpresa positiva. Após o registro de febre aftosa no Paraguai, comprou 261% mais carne do Brasil.

Também com a maior parte das importações de carne "in natura", o Egito contribuiu com um aumento de 221% nas compras do Brasil.

A Abiec estima um aumento de 10% nas exportações de carne neste ano, em volume.

José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP, acredita em estabilidade, com a possibilidade de queda. "Embora o câmbio tenha melhorado, o Brasil perdeu competitividade", diz.

INDUSTRIALIZADOS

O crescimento das exportações de carne industrializada também possibilitou uma relativa estabilidade no faturamento do setor neste ano.

Nessa categoria, os embarques subiram 13,9% e atingiram US$ 154,6 milhões. Só os EUA, que receberam 29% de toda a carne industrializada exportada pelo Brasil, elevaram as compras em 213%.

Com isso, o comércio entre Brasil e EUA em carne bovina retomou os níveis de 2010, quando teve início o episódio do vermífugo ivermectina.

Em 2010, os EUA devolveram a primeira carga brasileira por excesso do vermífugo e começaram a impor restrições à carne brasileira, provocando queda de 70% nas exportações no ano passado.

"Aprendemos a conviver com as exigências dos EUA, mas o custo é elevado para a avaliação nos padrões dos americanos", diz Camardelli.

Para reduzir custos, o setor negocia com os EUA mudança no processo de avaliação. E aguarda, com otimismo, a abertura do mercado americano para carne "in natura".

"Acredito que até o fim do ano teremos superado os entraves burocráticos", diz.

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