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Commodities

Ritmo do Brasil preocupa terra do vinho

Produtores de frutas, hortaliças e vinho de Mendoza temem que desaceleração brasileira reduza exportações

Motivo da preocupação é que pelo menos 30% das exportações da região têm como destino o Brasil

MAURO ZAFALON
ENVIADO ESPECIAL A MENDOZA

Mendoza, na Argentina, conhecida como a terra do vinho, está preocupada com os rumos da economia brasileira. Não apenas por causa do vinho, mas principalmente pelas exportações de produtos agroalimentares.

Pelo menos 30% das exportações da região têm como destino o Brasil. "Uma desaceleração da economia brasileira preocupa, pois o país é o principal cliente de Mendoza", diz Adolfo Trípodi, presidente da Federação Econômica de Mendoza (FEM).

Acostumados com a boa evolução do PIB brasileiro nos últimos anos, o que tem garantido bom desempenho das vendas da província para o Brasil, os mendocinos não querem ouvir falar em redução de ritmo na economia brasileira.

Com um comércio global de US$ 1,7 bilhão, a relação de produtos exportados para o Brasil é extensa e inclui desde alho, cebola, maçã e azeitona a azeite de oliva e vinho.

Este último, cujas exportações totais para o Brasil somaram US$ 64 milhões no ano passado, representa somente 7% das vendas totais de vinho de Mendoza para o mercado externo.

Uma piora da economia brasileira seria mais grave para produtores de azeite de oliva, de hortaliças e de frutas frescas, cuja participação brasileira atinge de 48% a 86% no total exportado pela província.

Os mendocinos não estão atentos apenas à redução do ritmo da economia brasileira, mas também à possibilidade de desvalorização do real. "Isso preocupa muito porque nossos produtos ficariam mais caros", diz Trípodi.

Sobre as barreiras comerciais, o presidente da FEM diz que "os governos precisam se defender de avalanches de importações, mas é necessária a busca de um equilíbrio".

DA UVA AO CAFÉ

O Brasil preocupa também as vinícolas. "É importante que o país cresça ou que pelo menos mantenha o ritmo atual. Se reduz o ritmo, nos afetará", diz Guilherme Yaciofano, responsável pelos vinhedos no grupo Trapiche.

A produção de uva passa por vários desafios na Argentina. Em busca de adequação aos maiores custos, as vinícolas argentinas querem mais produtividade.

Pressionados por inflação anual de 25% e pela dificuldade de obter mão de obra, os produtores argentinos aumentaram a mecanização.

Luis Poeta, gerente regional da New Holland no país vizinho, diz que as vendas de colhedoras de uva estão tomando outro ritmo no país. Só em 2011, foram acrescidas 14 máquinas à colheita, elevando para cerca de 30 unidades o total no país.

Ao preço de US$ 400 mil cada uma, essas máquinas podem colher 300 hectares de vinhedo por safra. O investimento compensa, segundo Martín Kaiser, encarregado dos vinhedos da vinícola Doña Paula.

Os custos da colheita mecanizada são de US$ 200 por hectare com máquina própria e de US$ 500 quando arrendada. Já a produção manual tem custo de US$ 600 a US$ 1.000, dependendo das condições do vinhedo.

No Brasil, a colheita mecanizada ainda é incipiente, segundo João Rebequi, gerente de produto da New Holland no país. A colhedora chega ao Brasil neste ano e, além da uva, a empresa deverá fazer adaptações na máquina para a colheita de café.

O jornalista MAURO ZAFALON viajou à Argentina a convite da New Holland

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