Índice geral Mercado
Mercado
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Serviços crescem com classe média no Paraná

Oeste do Estado importou médico, engenheiro e professor universitário

Infraestrutura deficiente na área de transportes impede um crescimento maior da cidade de Cascavel

Joel Silva/Folhapress
Guindaste emobra no centro de Cascavel, oeste do Paraná
Guindaste emobra no centro de Cascavel, oeste do Paraná

DO ENVIADO A CASCAVEL

Para crescer, Cascavel teve de importar mão de obra qualificada do restante do país. Nos últimos 16 anos, enquanto a população brasileira cresceu 25%, a da cidade paranaense saltou 49%.

Vieram médicos, dentistas, engenheiros, advogados, além de professores universitários e executivos, para atender a crescente demanda dos novos endinheirados que surgiam com a soja. E com eles vieram as suas famílias.

"Costumo levar as mulheres dos diretores das minhas empresas para conhecer a cidade. No começo, elas não gostam, mas depois se acostumam e não querem mais voltar. Aqui tem de tudo. Ninguém precisa ir à Oscar Freire ou ao shopping Iguatemi de São Paulo", disse a empresária Iracele Mascarello.

Os Mascarello começaram com a Comil, fábrica de silos para armazenar soja e equipamentos agrários em 1958. Há dez anos, foram para a incorporação imobiliária, construindo bairros e até um cemitério na cidade.

Em 2003, separada do marido, Celinha Mascarello, como é conhecida, montou com as filhas a fábrica de ônibus que leva o nome da família. Hoje, produz veículos para as prefeituras de São Paulo e do Rio e exporta para oito países, incluindo Angola.

Dono da companhia de ônibus Eucatur, que domina as rotas do Sul a Rondônia, o empresário Assis Gurgacz preferiu diversificar os negócios investindo em educação e saúde. Hoje, a fundação sem fins lucrativos que leva seu nome tem um hospital e uma universidade. "Foi decisivo para Cascavel ter boas faculdades. Atrai gente da região e do Paraguai."

Em ensino superior, Cascavel se tornou referência regional, ultrapassando a vizinha Foz do Iguaçu. São oito universidades, sendo pública só a estadual Unioeste, com mais de 25 mil estudantes de graduação e pós. Na saúde, são nove hospitais, 216 clínicas e 406 consultórios.

Os serviços se tornaram tão importantes que a arrecadação de Imposto sobre Serviços (ISS) da prefeitura somou R$ 10,3 milhões até março deste ano, mais do que os R$ 10,1 milhões dos repasses de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do agronegócio.

A exemplo de outras regiões, o crescimento de Cascavel esbarra hoje na fraca infraestrutura de transportes.

Só recentemente o aeroporto, cujos voos saem lotados, pôde receber aviões de grande porte.

Apesar do acesso à Ferroeste, ferrovia que liga a cidade ao porto de Paranaguá, que barateia o escoamento da soja, a cidade sofre com acessos ainda não duplicados de três rodovias importantes.

Elas formam um dos principais entroncamentos rodoferroviários do país, ligando as regiões Centro-Oeste e Sul com o Paraguai e o Atlântico.

Segundo Dilvo Grolli, presidente da Cooperativa Agrícola de Cascavel (Coopavel), a região perde R$ 100 milhões por ano com custo maior para escoar a produção por via rodoviária até Paranaguá.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.