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Novos talentos da publicidade surgem do mundo digital

Propaganda precisa de convergência entre as várias plataformas para chegar com êxito aos consumidores

Inovação está na base de atividades de agências, que se definem como startups, empresas de tecnologia

NELSON DE SÁ
ARTICULISTA DA FOLHA

Bob Burnquist, maior nome do skate no Brasil, top 5 no mundo, é hoje um aplicativo. Criação da Doubleleft, de Paulo Perez, 27, ele virou jogo para plataforma iOS, de iPhone, e serve de canal de publicidade para a Sprite. Que, por sua vez, espalhou o Bob Burnquist's Dreamland, nome do aplicativo, por 22 milhões de latas no Brasil.

Não há mais separação clara entre entre marca, veículo e produtos derivados, "mochila, skate, site, camisetas da Runner". E com isso "você acaba criando também um novo negócio para a pessoa, que é um atleta e passa a ter receitas novas, exposição de marca diferente", descreve Perez. Formado e hoje professor da Miami Ad School, ele conta entre seus muitos "parceiros", como chama, anunciantes como Burger King e agências como BBDO.

Ele é apenas um dos exemplos de como a propaganda mudou e apresenta diferentes talentos, hoje. Outro é Marco Gomes, 25, da Boo-Box, que reuniu 310 mil sites no país, oferecendo serviços de monetização e de audiência. Essa rede, que alcança 80 milhões de pessoas, permitiu à tecnologia desenvolvida por ele perfilar os internautas para ações de publicidade.

"A gente traça perfis de comportamento, com 43 variáveis", diz. "E aí, por exemplo, a Unilever vem e diz que quer atingir 'mulheres de 35 a 45 anos, em São Paulo'. A gente vai e atinge." Vale também para os pequenos anunciantes, ainda mais focados e que até "criam os anúncios usando nossa tecnologia".

A Boo-Box foi parar no Tech Crunch, site voltado a startups no Vale do Silício, e acaba de ser eleita uma das "empresas mais inovadoras" pela "Fast Company", pelo "pioneirismo na publicidade de mídia social na América Latina". Na mesma trilha, a IDXP, de Gustavo Lemos, 31, foi parar no site Pando, concorrente do Tech Crunch, e venceu como Empreendedor Global do Ano da IBM.

Ele recebeu o prêmio no Vale do Silício em fevereiro e negocia agora com fundos como Kleiner Perkins Caufield & Byers, célebre investidor inicial do Google. O que a IDXP desenvolveu e chamou tanta atenção foi uma tecnologia de marketing descrita como "Google Analytics para varejo". "A gente rastreia o consumidor dentro do ponto de venda, para conhecer seu comportamento."

Lemos diz que "hoje o foco é prover ferramentas analíticas para marcas e varejistas, para trabalhar layout de produto, logomarca, ver se gera atratividade". A médio prazo, "a base de dados comportamentais permitirá criar probabilidades de compra" para publicidade dirigida.

Mas a IDXP está de mudança para os EUA. "É startup, o Vale do Silício entende isso bem. Sabe que uma inovação certa, que resolve uma dor que exista no mercado, assim que você acha o modelo de negócios, é só dar escala."

Álvaro Rodrigues, 39, como boa parte dos entrevistados, também descreve sua nova agência como uma startup. Até o início do ano ele comandava a independente Agência3, onde chamou a atenção do brasileiro ABC, hoje um dos maiores grupos publicitários do mundo, que o levou para criar a DM9 Rio.

Questionado sobre uma campanha exemplar sua, cita o próprio lançamento da nova agência, feito integralmente no Facebook.

Mas ele alerta para não fechar o foco no mundo digital. "Hoje, não dá mais pensar em comunicação que não seja convergente. Não dá para dizer se é internet, redes sociais, TV. O consumidor vê TV ao mesmo tempo em que está com iPad, no Facebook, no Pinterest." E a "grande ideia" agora é mais neutra.

"Tem de ser adequável à demanda de comunicação do momento. Entender isso é um fator, sim, de diferenciação [da propaganda hoje]."

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