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Análise

Aumento da população e renda em alta criam mercado para as escolas privadas

NAERCIO MENEZES FILHO
ESPECIAL PARA A FOLHA

As famílias brasileiras gastaram R$ 40 bilhões com educação em 2009, se somarmos todos os gastos declarados na Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE (POF). Isso significa quase 1,3% do PIB.

Somados os 5,7% gastos pelo setor público naquele ano, as despesas com educação no país alcançam 7% do PIB, acima da média de 5,9% dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Desses R$ 40 bilhões, 35% são gastos com matrículas no ensino superior, 30% no básico e o restante se divide em livros, cursos de idiomas, pré-vestibulares, transportes, uniformes etc.

Os gastos com pós-graduação aumentaram muito entre 2003 e 2009, refletindo a valorização dos profissionais com esse nível no mercado.

Entretanto, os gastos totais das famílias com educação diminuíram em termos reais nesse período (não acompanharam a inflação), passando de 1,9% para 1,3% do PIB.

O gasto médio das famílias com mensalidades do ensino básico no Brasil é R$ 200 e com faculdades privadas é R$ 460. A mensalidade das boas escolas privadas em São Paulo, por exemplo, ultrapassa R$ 2.000.

Por que as famílias gastam tanto com educação privada? No passado, as escolas públicas tinham qualidade. Quando a população dos municípios e sua renda média eram pequenas, a escola pública atendia apenas a elite.

Quando a população urbana dos municípios começa a aumentar e passa a ter condições de colocar seus filhos na escola, a rede pública perde condições de atender a todos com qualidade.

Não há professores com boa formação em quantidade suficiente para atender a demanda crescente.

As mulheres de classe média deixam a escola normal e passam a cursar outras faculdades, aproveitando a abertura do mercado de trabalho.

Nesse momento, a qualidade das escolas públicas começa a declinar, e o aumento da desigualdade faz com que surjam as primeiras escolas privadas, que veem na população crescente, com renda e insatisfeita com a escola pública, oportunidades para bons negócios.

NAERCIO MENEZES FILHO é doutor em economia pela Universidade de Londres, professor titular do Insper e professor associado da FEA-USP.

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