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Saiba quando vale mudar dívida de banco

Redução de juro acirra competição e abre espaço para barganha, mas custos podem inviabilizar troca de instituição

Despesa de troca de financiamento de imóvel reduz benefício; mudança compensa em bens sem alienação

Alessandro Shinoda/Folhapress
Edivaldo Bulba em seu novo apartamento, financiado, em São Bernardo do Campo (SP)
Edivaldo Bulba em seu novo apartamento, financiado, em São Bernardo do Campo (SP)

CAROLINA MATOS
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Depois de pouco mais de um ano de espera pela finalização da obra, Edivaldo Bulba, 50, acaba de se mudar com a família para o novo apartamento, em São Bernardo do Campo (ABC Paulista).

Para comprar o imóvel de R$ 470 mil, o professor universitário tomou um financiamento de R$ 370 mil -que está para ser quitado, após a venda da residência anterior.

Bulba também comemora o fato de ter pesquisado as taxas de mercado antes de escolher o banco para o financiamento. "Consegui um custo bem menor em uma instituição que não era a indicada pela construtora e na qual eu não era correntista."

Quem não faz essa pesquisa prévia pode acabar pagando mais do que precisaria. E, mesmo com a possibilidade de, mais tarde, transferir a dívida para outro banco que ofereça taxas mais vantajosas, o custo da mudança, em alguns casos, pode limitar os benefícios da troca.

Especialistas ouvidos pela Folha dizem que isso é mais comum no caso de empréstimos em que o bem fica em nome da instituição financeira até a quitação do débito. É que a transferência dessa alienação traz, ao devedor, despesas com cartórios e registros, entre outros custos.

Já no crédito para compra de bens de consumo -em que não há alienação-, trocar a dívida para um banco que cobre juros menores costuma valer a pena.

CERTEZA

Mas, antes de mudar, o devedor precisa ter certeza de que conseguiu condições melhores em outra instituição.

O quadro acima traz simulações de quanto economizaria um consumidor ao transferir a dívida em dois casos: na aquisição de um imóvel de R$ 300 mil e na compra de uma cozinha planejada no valor de R$ 15 mil.

Na primeira hipótese, em que há custos de transferência de alienação, o devedor vai ter que desembolsar, à vista, R$ 3.000 para obter redução de R$ 164 (ou 6%) na prestação, o que significa abatimento de R$ 27 mil do valor pago até o fim do empréstimo (27 anos).

Em valores de hoje, essa soma representaria R$ 2.060. Ou seja, o custo da troca é maior que o ganho.

No segundo caso, em que não há alienação do bem, a economia de R$ 148 (ou 20%) na parcela não acarreta nenhuma despesa extra.

No financiamento de veículos, também há alienação do bem para o banco e, portanto, custos para transferi-la a outra instituição.

Essas despesas, no entanto, são menores que no financiamento imobiliário: em vez de até 1% do valor do bem (imóvel), passam para entre R$ 550 e R$ 1.000, independentemente do veículo.

"Pesquisar antes é a melhor solução; a preguiça pode custar caro. Se a pessoa já tomou o empréstimo, vale a pena fazer cotações para negociar taxas menores, seja barganhando com a instituição atual ou mudando para a concorrência. Mas é preciso avaliar bem para ver quando compensa a troca", diz Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito, site que funciona como buscador de taxas em diferentes bancos.

AINDA ALTO

Valter Police, planejador financeiro pessoal, diz que, apesar de terem caído para algumas linhas de crédito, os juros ainda são muito altos.

"Além disso, é difícil que os bancos efetivamente concedam às pessoas comuns as taxas mínimas anunciadas nas propagandas."

"Esses percentuais, normalmente, são para clientes que atendam a critérios específicos, como ter aplicações no banco", afirma.

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