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Gol negocia venda de mais 17% para sócio

Participação da americana Delta Airlines pode subir de 3% para 20%; custos e necessidade de investimento explicam iniciativa

TAM e Gol tentaram convencer governo a ampliar participação estrangeira no setor dos atuais 20% para 49%

Danilo Verpa - 7.dez.11/Folhapress
Executivos da Gol e da Delta Airlines durante reunião em São Paulo quando foi anunciado o acordo entre as duas companhias no fim do ano passado
Executivos da Gol e da Delta Airlines durante reunião em São Paulo quando foi anunciado o acordo entre as duas companhias no fim do ano passado

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
PEDRO SOARES
EM SÃO PAULO

A Gol está negociando o aumento de participação da americana Delta Airlines no capital da companhia dos atuais 3% para 20%, limite estabelecido pela legislação.

A Folha apurou que o presidente da Gol, Constantino Junior, conduz as conversas, que ganharam força no último mês.

O objetivo é tentar resolver os problemas atuais de aumento elevado de custos, (principalmente do combustível) e alta de tarifas, fatores que acabam impactando os investimentos que a companhia terá de fazer nos próximos anos.

Pessoas próximas às negociações afirmam que a Delta Airlines já mostrou interesse em ampliar sua participação na Gol. A empresa já teria até representantes no Conselho de Administração da companhia brasileira.

A companhia norte-americana acredita que será possível ampliar a participação da Gol, reduzindo ainda mais a diferença com a TAM, que está na liderança do setor.

Consultada, a Gol negou que, neste momento, esteja negociando com a Delta. Até a conclusão desta edição, a Folha não conseguiu contato com a empresa americana, nem no Brasil nem nos EUA.

A TAM, líder do setor, tem 20% de participação da chilena LAN, com quem se fundiu em agosto de 2010.

As duas empresas pressionavam o governo para tentar aumentar a participação estrangeiras no setor dos atuais 20% para 49%.

Recentemente, em uma iniciativa isolada, um representante da TAM em Brasília tentou emplacar a mudança por meio de uma medida provisória que nada tinha a ver com o assunto. A estratégia não prosperou. A recusa foi um recado de que essa modificação não será efetuada.

Desde então, as companhias desistiram desse pleito e focaram a negociação por um pacote de "ajuda" com o governo que permita a redução dos custos.

ALTA

O cenário das companhias não é dos melhores. No ano passado, TAM e Gol registraram prejuízos que, somados, atingiram R$ 1 bilhão.

As empresas vêm de uma disputa tarifária que buscou estimular a ocupação de suas aeronaves.

Nesse período, o preço dos combustível disparou. Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), ele já responde por 40% das despesas das companhias aéreas.

Na média, atualmente 32% do preço de um bilhete é o combustível de aviação. Há cinco anos, esse índice girava em torno de 15%.

Em uma viagem mais longa, como a Rio Branco (AC), o peso do combustível chega a 80% do preço da passagem.

Por isso, TAM e Gol pedem maior controle no preço do querosene de aviação, que é, basicamente, fornecido pela Petrobras. Elas também querem desoneração da folha de pagamento, redução de ICMS, PIS e Cofins.

Nos bastidores, as companhias já contam com a aprovação de uma medida provisória -o "pacote de incentivos"- em maio.

Mas a realidade é que as negociações estão emperradas porque o Ministério da Fazenda não encontrou uma fórmula que "alivie" a conta para as empresas sem que haja perda drástica de receita.

Enquanto isso não ocorre, as empresas cortam voos, demitem funcionários e adiam a compra de aviões.

A Gol é que está em uma situação mais confortável, justamente porque ainda pode negociar aumento de capital estrangeiro.

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