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Inadimplência afeta balanço do Bradesco

Banco vê maior índice de calote em dois anos e é obrigado a separar mais recursos para cobrir eventuais perdas

Apesar de risco elevado, banco cogita reduzir mais os juros para se manter na disputa com bancos públicos

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

O Bradesco, primeira instituição financeira a divulgar os resultados do primeiro trimestre, mostrou ontem que trabalha com a maior taxa de inadimplência dos últimos dois anos, em meio a um cenário de redução nos juros bancários.

Os pagamentos com atraso acima de 90 dias atingiram 4,1% do total de empréstimos -6,2% no caso do consumidor pessoa física. Só perdem para os 4,4% de inadimplência geral em março de 2010 e de 6,3% ao consumidor, visto em junho de 2010.

Preocupante, o dado sinaliza que será difícil para as instituições financeiras, especialmente as privadas, reduzir agressivamente os juros e elevar a oferta de crédito no país, como propagam Banco do Brasil, Caixa Econômica e o governo Dilma.

A inadimplência até março estava tão alta que reduziu os resultados financeiros do banco, o segundo maior do setor privado. No primeiro trimestre, o Bradesco teve lucro líquido de R$ 2,793 bilhões -3,4% mais do que no mesmo período de 2011.

O banco teve de elevar em 20,2% as provisões para cobrir eventuais perdas com calote desde março de 2011.

No total, o banco tem "separados" R$ 20,117 bilhões para cobrir calote -há um ano, eram R$ 16,74 bilhões.

MAIS CORTE NOS JUROS

Apesar do risco alto, o Bradesco admite que pode reduzir, mais uma vez, os juros ao consumidor e às empresas para se manter no jogo.

Antes, o banco aposta em melhora da inadimplência ao longo do ano. A expectativa é que caia para 3,9%, mesmo nível de dezembro de 2011.

"É uma tendência do mercado [reduzir as taxas]. O banco deve tomar novas providências para se manter competitivo. Vai depender de avaliação interna. Entendemos que terão boa aceitação as novas taxas do banco", disse Luiz Carlos Angelotti, diretor-executivo.

Desde ontem o Bradesco passou a oferecer taxas reduzidas aos clientes nas linhas de crédito pessoal, financiamento de veículos, aquisição de bens e crédito consignado para aposentados, além de capital de giro e financiamento de máquinas para pequenas e microempresas.

O banco decidiu manter inalterada suas previsões de expansão entre 8% e 12% das operações de crédito em 2012. Até março, o ritmo anual de expansão era de 16,2%.

COMPETITIVIDADE

O Bradesco descarta perder participação de mercado para BB e Caixa, como ocorreu em 2009, quando os bancos privados reduziram a oferta de crédito aos clientes.

"O Bradesco é competitivo e está bem posicionado. Temos escala e temos como competir. No mínimo, devemos manter nossa participação", disse Angelotti.

Para o banco, as reduções nos juros e nos ganhos com as operações de crédito devem ser compensadas pelo crescimento do volume das novas concessões.

"Espera-se que o volume adicional compense. Praticamente deve ser neutro o impacto considerado das novas taxas aplicadas", disse.

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